Após três anos, o WWF lança a terceira edição do relatório CleanTech Innovation Index, um documento que analisa quais condições nacionais são mais as adequadas para gerar a inovação, atividade empresarial e comercialização de tecnologias emergentes. Esta nova edição reúne 40 países, incluindo todos os participantes do G20, e avalia sua eficácia em estimular mudanças, passando da fase de pesquisa e desenvolvimento para a os primeiros estágios de empreendedorismo e, então, comercialização em escala.
A corrida para uma economia de baixo carbono, com foco nas metas de Acordo de Paris e nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, já está em andamento. Os países que podem inovar, gerar ideias e tecnologias, transformando-as em milhões ou bilhões de dólares de investimentos e empregos, serão os maiores beneficiados.
Para o diretor executivo do WWF-Brasil, Maurício Voivodic, “O Brasil possui uma das melhores condições naturais do mundo para a geração de energia renovável. Porém, desde que começou a investir pesadamente no pré-sal, tem perdido pioneirismo e espaço em biocombustíveis e outras tecnologias renováveis”, afirma. E continua: “O governo precisa enxergar a economia de baixo carbono como uma oportunidade para criar empregos e oportunidades econômicas. Este é um momento único para o Brasil se tornar mais competitivo nesta área. Mas, caso não aproveitemos, outros países como Índia ou China passarão na frente”, conclui.
Pela primeira vez, os três principais cargos são ocupados pela região nórdica, com Dinamarca, Finlândia e Suécia. Todos os três parecem estar se preparando para um crescimento adicional com aumentos nos números e na quantidade de fundos de tecnologia limpa. O país nórdico com menor pontuação é a Noruega. Há desafios para a Noruega, mas também é o país com os maiores orçamentos de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de tecnologia limpa em 2013-15. Se todos os países investissem o mesmo que a Noruega em P&D, o investimento mundial nessa área seria quatro vezes maior.
A Polônia possui a maior mudança em relação ao índice 2014, aumentando 13 posições até a 24ª. Isto deve-se principalmente a três aumentos notáveis nos drivers específicos da tecnologia limpa. As despesas de P&D da Clínica Pública da Polônia estão agora na média global, mas estavam em último lugar há três anos. O país também melhorou como um destino mais atrativo para os investimentos em energia renovável do que antes e subiu 16 lugares em relação aos documentos de tecnologia limpa.
O estudo identifica três tipos de países no cenário de inovação de tecnologia limpa: os principais criadores de ecossistemas de inovação, criadores de start-up e os fortes comercializadores:
– Os principais criadores de ecossistemas de inovação são países que obtiveram resultados muito melhores em todos os setores, mas particularmente bem nos drivers gerais e específicos para o período de 2013-2016, fornecendo os parâmetros subjacentes, incentivos e o apoio necessário para um ecossistema de inovação próspero. Vemos a Dinamarca, a Suécia e os EUA possuindo essas características no período pesquisado.
– Os geradores de start-up da Tecnologia limpa são países que obtêm bons resultados em todos os indicadores, mas obtêm resultados excepcionalmente bons quando se trata de produzir patentes para novas inovações e capital de risco para financiar novos negócios. Israel, Finlândia e Canadá são economias que mostram essas características.
– Os comerciantes de tecnologia limpa são países que estão marcando bem em todos os indicadores, mas bem acima da média na sofisticação, tamanho e finanças do mercado para escalar as inovações emergentes da Tecnologia limpa e criar empregos. Eles têm taxas de conversão de inovação de alta tecnologia muito altas, ou seja, são eficientes para transformar os insumos na inovação em resultados na economia. Países como Alemanha, Cingapura e Coréia do Sul apresentam essas características.
O relatório também mostra que existe uma forte convergência emergente entre o transporte limpo, a eficiência energética e as energias renováveis no ano passado, representando dois terços dos investimentos em capital de risco cedo e uma proporção similar de títulos verdes. Essa tendência emergente é crucial para acelerar o acesso universal à energia até 2030 e facilitar uma transição justa para um sistema de energia sustentável e sem combustível fóssil até 2050.
O Brasil em termos de Inovação em Tecnologia Limpa
É de amplo conhecimento que o Brasil tem enorme potencial para ser um vencedor na corrida para uma economia verde de baixo carbono, por causa de sua abundância de recursos naturais renováveis e a relativamente baixa dependência dos combustíveis fósseis. No entanto, o relatório alerta que o país corre o risco de ficar para trás na disputa se não adotar políticas e estratégias específicas para manter um papel de liderança.
No geral, o Brasil está no 1/4 mais baixo do ranking, em 30º lugar entre 40 países. Esta é uma queda de cinco lugares em relação ao seu 25º lugar no estudo de 2014. A principal razão para esta diminuição no ranking foi uma pontuação muito menor na área de inovação de tecnologia limpa comercializada, onde o Brasil caiu de 2º lugar em 2014 para 29º lugar em 2017. O que isto significa é que o Brasil não está tendo tanta atividade em escala comercial na área de tecnologia limpa como tinha em 2014.
Além disto, enquanto a parcela brasileira de energia renovável no consumo total de energia continua alta (o índice caiu de 38% em 2014 para 33% em 2017), outros países têm crescido mais rapidamente nessas áreas. Além disso, as políticas governamentais brasileiras também se tornaram mais desfavoráveis para tecnologias limpas desde o estudo de 2014.
Um ponto positivo para o registro de inovação do Brasil está na área de atividade empreendedora em estágio inicial, onde o país ranqueou em número 1 dos 40 países, com uma pontuação perfeita de 10 em todas as áreas de inovação – não apenas de tecnologia limpa. Isto representa uma enorme oportunidade para o Brasil no médio e no longo prazos para tecnologias limpas, desde que esta área seja priorizada no setor de políticas e investimentos públicos e privados.
O coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, acredita que “A área de P&D no Brasil é boa, mas muito focada em pesquisa básica, com pouca aplicação e visão de mercado. Esta visão inovadora com planejamento de longo prazo deveria ser adotada pelo governo e pelo setor privado para aproveitarmos o grande potencial nacional”, afirma. E continua: “O Brasil tem boas condições de desenvolver mais o etanol celulósico, o uso de algas para produção de energia, a mini e a microgeração de eletricidade, o bioquerosene para aviação, a agricultura de baixo carbono, entre outras. Essas são iniciativas que podem levar o Brasil a um lugar de destaque, ao mesmo tempo em que contribuem para as metas do Acordo de Paris e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”, conclui.
O relatório indica que aumentar os relativamente baixos investimentos em empresas de tecnologia limpa por meio de capital privado e oferta pública de ações pode ser uma maneira de crescer a economia, ao mesmo tempo em que ajuda o Brasil e outras economias a atingirem os tão esperados ODS (Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da ONU).
Confira o relatório completo, em inglês, aqui.
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