A agricultura comunitária é uma ferramenta muito importante para garantir a segurança alimentar e promover a autossuficiência financeira. Essas premissas foram os grandes incentivadores para a criação da Organização Cidade Sem Fome, idealizada por Hans Dieter Temp, em São Paulo.
O projeto começou em 2004 na zona leste da capital paulista. A região concentra cerca de 3,3 milhões de habitantes e tem metade do Índice de Desenvolvimento Humano da zona sul da cidade, por exemplo. Os altos níveis de desemprego colaboram para essa deficiência social, mas a agricultura urbana surgiu como uma resposta a esse problema, conforme explicado na página da ONG. “O objetivo era [em 2004] e continua sendo a integração social de grupos vulneráveis, utilizando como ferramenta de inclusão trabalho de horticultura, que contribuem efetivamente na melhora da alimentação das crianças e dos adultos”, diz o site.
Horta comunitária no bairro Jardim Tiete, área de grande vulnerabilidade social. l Foto: Divulgação/Cidades sem Fome
Os trabalhos realizados pela instituição são divididos em quatro vertentes, sempre tendo o plantio comunitário como fator principal. O primeiro deles é o Projeto Hortas Comunitárias. Desde que o programa teve início, a zona leste de São Paulo já ganhou 21 hortas comunitárias criadas pela Cidade Sem Fome. A estrutura atende a 115 pessoas, capacitadas como agricultores urbanos. O trabalho beneficia a eles e às famílias, garantindo a subsistência de 650 pessoas. O mesmo projeto já capacitou quase mil pessoas, que receberam instruções para a produção de alimentos e a comercialização dos produtos.
Hortas comunitárias fortalecem os laços entre pessoas e estimulam o trabalho coletivo. l Foto: Divulgação/Cidades sem Fome
O segundo modelo envolve agricultura, subsistência, sustentabilidade e educação. O Projeto Hortas Escolares leva o plantio até as escolas públicas, envolvendo alunos, pais e professores. O objetivo deste trabalho é facilitar o acesso à alimentação saudável, prevenir a desnutrição e a deficiência alimentar em regiões com vulnerabilidade social. Desde 2004, 17 hortas já foram implantadas e 4.622 alunos passaram pelas atividades nas escolas.
Horta na Escola Estadual Prof. Maria da Conceição Oliveira Costa no bairro de Itaquera. l Foto: Divulgação/Cidades sem Fome
A Cidades Sem Fome ainda criou uma metodologia sustentável para a construção de estufas agrícolas. Este é o foco do Projeto Estufas Agrícolas. As estruturas são edificadas através do uso de materiais alternativos, que reduzem em 50% os custos da construção, mas proporcionam os mesmo resultados das estufas tradicionais. Através dessas estruturas é possível garantir o cultivo durante todo o ano, independente das condições climáticas externas. A ONG já construiu sete estufas alternativas e outras duas estão em fase de planejamento.
Horta Fazendinha Imperador do Sr. José Aparecido Cândido Vieira l Foto: Divulgação/Cidades sem Fome
Após ter tido sucesso nas ações realizadas na cidade de São Paulo, a organização expandiu o trabalho para outro estado, o Rio Grande do Sul, através do Projeto Pequenos Agricultores Familiares. Implantado na cidade de Agudo, o programa ajuda os pequenos produtores a diversificarem o cultivo, agregarem valor e encontrarem novas oportunidades de negócios. O trabalho é muito importante para a comunidade local, pois, após décadas investindo apenas na monocultura do tabaco, o município tenta se recuperar da deficiência na produção de alimentos. No projeto são usadas as estufas agrícolas e os agricultores recebem treinamento e capacitação.
Desde cedo as crianças que participam do projeto. l Foto: Divulgação/Cidades sem Fome
O trabalho da ONG já recebeu premiações nacionais e internacionais por sua importância socioambiental. A organização conta com o apoio de empresas parceiras e doações para financiar os trabalhos. Clique aqui para conhecer mais e saber como participar.
Redação CicloVivo