Não, você não precisa ficar sem comer (nem deve!). A prática do jejum intermitente, estudada pela comunidade científica desde 2007 e que, hoje, virou destaque nos simpósios e congressos de nutrição, apresenta uma proposta bem menos radical: realizar um ajuste na faixa de horário das refeições para ampliar o intervalo entre o jantar e o café da manhã do dia seguinte.
O americano Mark Mattson, neurocientista do National Institute on Aging, nos Estados Unidos, é um dos adeptos. Faz 35 anos que ele deixou de consumir o café da manhã.
“Depois que você se acostuma, não sofre mais. Tudo é uma questão de adaptação. Eu não passo fome.”, revelou em entrevista ao blog Well, do jornal New York Times.
A ideia pode soar extrema, mas nos últimos anos o jejum intermitente vem ganhando a atenção popular e também a aprovação científica. Os benefícios do método vão além da fita métrica.
“Há uma redução no risco de doenças crônicas como diabetes e hipertensão”, afirma o nutricionista Gabriel de Carvalho, de Porto Alegre.
As pesquisas apresentadas por ele no XI Congresso Internacional de Nutrição Funcional, realizado no segundo semestre, em São Paulo, mostram que o efeito protetor dessa prática alimentar está relacionado ao fato de ela combater os processos inflamatórios do organismo.
Os benéficos ainda não acabaram.
“Associado a uma restrição moderada de calorias, o jejum intermitente ajuda a diminuir a gordura visceral, além de elevar o colesterol bom, o HDL – alterações importantes para a saúde do coração”, diz o cardiologista pós-graduado em nutrologia e presidente da Associação Brasileira de Medicina do Estilo de Vida, Fábio dos Santos, de São Paulo.
Agora a pergunta que não quer calar: o metabolismo não fica lento?
Alguns estudos afirmam que acontece o contrário, acelera e, outros, que se mantém estável. De qualquer maneira, os genes relacionados à utilização da gordura como fonte de energia ficam mais ativos depois do jejum não contínuo, o que parece favorecer a perda de peso. Mas, calma: antes de abandonar a ideia de se alimentar a cada três horas, saiba que esse é mais um método de emagrecimento, e não o único. Se você chegou a um peso que considera bom (ou está quase lá) após adotar o hábito de comer lanchinhos entre as refeições principais (tática que funciona principalmente para quem tem muita fome), não tem por que mudar de estratégia.
Dieta para a vida toda
Antes de recomendar esse novo método aos pacientes, a nutricionista Claudia Talan Marin, de São Paulo, fez o teste nela mesma. Optou pelo formato que considera mais eficiente, o 16:8, em uma semana, secou 2 quilos só de gordura (bem mais do que mostram os estudos), além de ganhar disposição extra. Gostou tanto do resultado que criou o hábito de repetir o método duas vezes na semana (5:2), quando se limita a apenas três refeições (café da manhã, almoço e jantar).
O que ela faz quando acorda com muita fome? Toma um copo de café puro batido com óleo de coco – uma das pouquíssimas opções que não alteram os níveis de insulina. Outra estratégia que a nutricionista usa e recomenda para quem resolve experimentar essa prática alimentar: sempre montar as refeições com proteínas magras, carboidratos de baixo índice glicêmico e gorduras boas, além de legumes, verduras e frutas.
E quem pode seguir? “Qualquer pessoa disposta a aderir ao método. Ele não é recomendado apenas para grávidas, mulheres que estão amamentando e quem apresenta hipoglicemia ou tem diabetes”, avisa.
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