Negócios

Açougue gaúcho inova e vende carnes por aplicativo, rendendo milhões

Sem dúvidas as empresas estão cada vez mais íntimas da tecnologia. Isso acontece devido a necessidade de se adaptar ao mercado e ao novo consumidor, que busca facilidades, principalmente na internet.

Diversos negócios estão criando sites adaptáveis e aplicativos para smartphones e faturando em cima disso. Porém, a área da alimentação ainda engatinha nesse quesito.

Rompendo barreiras e fazendo o inimaginável, pai e filho, Gunther Paulo Baingo e Felipe Hirschland Baingo, que tem um açougue, decidiram vender carnes por aplicativo. Isso mesmo, você encomenda a carne que quiser e sua quantidade apenas com alguns toques na tela do telefone. De Porto Alegre, o Bom Gaúcho foi fundado em 1995 em Porto Alegre, e até então era focado nas  entregas a restaurantes, hotéis, lancherias e diversos outros estabelecimentos comerciais, mas sem o atendimento direto na casa do cliente final. Mas em 2015, atento ao mercado, Felipe decidiu arriscar e criar o app, a ideia deu certo, rendeu milhões e o açougue deve se tornar uma franquia nos próximos meses. Além disso, pai e filho estão próximos de lançar um sistema de venda direta, em que clientes poderão efetuar pedidos para outras pessoas, tirando uma porcentagem pela venda.

Confira a entrevista de A Magia do Mundo dos Negócios com Felipe Hirschland Baingo, do Bom Gaúcho:

Como você teve esta ideia de vender carnes por um aplicativo?

No ano de 2007, após entrar na faculdade, comecei a perceber a necessidade de agregar valor aos nossos produtos. Com isso aos poucos fui criando o que na época ninguém acreditava: um site onde os clientes comprariam carnes e entregaríamos em sua residência. Foram anos de planejamento e somente no ano de 2013 o site foi ao ar, com produtos já padronizados. Em 2014, percebemos que os clientes aceitavam nossos produtos e resolvemos focar de vez, expandindo nossa divulgação. No ano de 2015 criamos o primeiro app do Brasil, onde o cliente realiza o pedido e entregamos direto na sua residência.

Qual foi o investimento inicial? E o faturamento atual?

Nossa estrutura já existia, precisamos somente adaptar para este novo segmento. Com isso gastamos algo em torno de R$ 120 mil com todo o processo. Esperamos chegar final do ano com um faturamento em torno de 16 milhões, sendo 50% de vendas para residências.

Qual seu diferencial em relação aos concorrentes?

Nossa missão é encantar os clientes com nossos produtos. Os nossos produtos foram todos padronizados em bifes, iscas, picados, cubos, carne moída, recheados. Todos em pacotes de 300g, 500g, 1kg, 3kg e 5kg. O cliente não compra somente a carne, mas sim nosso produto. Ele escolhe por pacotes e facilita a escolha e organização diária.

Carnes são vendidas em kits. (Divulgação)
Carnes são vendidas em kits. (Divulgação)

 Por que optou pelas vendas online?

O mercado está em constante mudança e precisamos estar sempre atentos e dispostos à tendência, antes que seja tarde. Acreditamos que o futuro seja esse e por isso investimos muito nesse projeto.

Qual a vantagem de estar no ambiente online com este tipo de negócio?

O cliente hoje quer comodidade. Pegar o celular, escolher as carnes e receber na porta de sua casa. Nosso foco não é a carne para churrasco, mas sim a carne que o cliente usará na sua rotina. A tecnologia acaba gerando essa nova experiência e nós queremos encantar os clientes com nossos produtos.

Qual é a dinâmica da venda até a entrega?

Hoje o cliente pode efetuar o pedido pelo site ou também via aplicativo que pode ser baixado na Playstore ou Applestore. Hoje contamos com cerca 220 itens e 20 kits, visando facilitar o pedido do cliente. Cada kit apresenta uma diversidade de produtos e quantidades, onde o cliente escolhe de acordo com seu desejo e sua rotina familiar. Temos o Kit mini, com pacotes de 300g. Kit Casa 1 com pacotes de 500g, Kit Família com pacotes de 1kg, Kit Espetinho, Kit Churrasco e Kit Receita.

Após o cliente realizar o pedido, um de nossos funcionários entra em contato para confirmar a entrega, dados e horários. Nosso atendimento é somente em horário comercial e as entregas são agendadas por turno: manhã (9 às 12h) tarde (12h às 18h). O pagamento é efetuado na entrega em dinheiro ou cartão.

Houve dificuldades em validar este modelo? Como as contornou?

A principal dificuldade que eu encontrava era ao comentar com as pessoas a minha ideia, elas falando que não daria certo. Faziam perguntas e falavam que não iria funcionar. No ano de 2015 resolvi criar o nosso app, que seria o primeiro do Brasil para compra de carnes. Apesar de fazer apenas 1 ano, a tecnologia muda muito e ainda não era tão popular o uso de aplicativos. Encontrei muita resistência ao comentar com as pessoas sobre a minha ideia, mas o sonho não deixou a gente desistir.

Quais são os planos para o futuro?

Final do mês vamos lançar um novo app, o “Bom Gaúcho Consultor”. A pessoa baixa, cadastra seus dados e se torna um “consultor”, onde pode oferecer e realizar pedidos de outras pessoas ganhando uma porcentagem por isso. A dinâmica será a mesma. Toda a parte de entrar em contato com o cliente para agendar e a entrega continuará com a gente.

Acreditamos no termo “uberização”, onde as pessoas em função da crise estão precisando de uma renda extra, buscando alternativas para ganhar dinheiro no tempo vago.

Outro projeto próximo é a criação de um modelo de franquia com lojas e delivery franqueadas para outras regiões do país com o mesmo modelo de negócio.

Qual sua dica para os empreendedores que estão iniciando carreira?

Existe uma diferença entre empreender e ser impulsivo. As pessoas devem empreender e colocar suas ideias em prática, porém é preciso ter cuidado para não ser impulsivo e tomar atitudes sem os pés no chão. Sempre que tiver uma ideia, é preciso fazer uma análise do mercado. Verificar concorrentes, preços praticados, produtos que você vai oferecer e a forma que vai oferecer os produtos ao cliente. Não lance algo, antes de planejar e ter solução para todos os problemas.

O mais importante: sempre que você acreditar em algo, vá em frente. Não de bola ao que as pessoas vão falar, se você tiver planejado com os pés no chão, seu projeto estará pronto.

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