Representantes do Japão que participam da Comissão Internacional das Baleias, ou International Whaling Comission (IWC), que está acontecendo hoje em Florianópolis (SC), pressionam por uma polêmica tentativa de acabar com a proibição da atividade baleeira comercial. A decisão deve sair nesta quinta-feira.
A proibição da caça comercial foi estabelecida em 1986 diante da iminência de extinção de diversas espécies por conta da pesca predatória. O Japão alega que as populações de algumas espécies de baleias se recuperaram o suficiente para permitir a retomada da caça de forma “sustentável”.
“A ciência é clara: há certas espécies de baleias cuja população é saudável o suficiente para ser colhida de forma sustentável”, alega a proposta japonesa, intitulada Way Forward. A alteração seria para acabar com a “intolerância” e “confronto” entre os países pró e anti-caça às baleias.
As duras críticas do Japão à proibição atrapalham as relações com países anti-caça, como Austrália e Nova Zelândia, que os acusam de usar seu poder econômico para garantir votos de países membros menores da IWC.
“Pesquisa Científica”
Uma cláusula da proibição da IWC permite que o Japão conduza caças anuais de “pesquisa” e venda carne de baleia no mercado aberto.
Segundo a BBC, o Japão hoje captura entre 300 e 400 animais por ano – e já chegou a abater cerca de 1.000 em 2005 e em 2006. No início deste ano, o país foi bastante criticado por ter matado no Oceano Antártico 122 baleias grávidas, das 333 baleias-anãs capturadas durante uma expedição de quatro meses, 181 eram do sexo feminino – incluindo 53 juvenis.
Em 2014, o tribunal internacional de justiça ordenou a suspensão do abate anual de baleias no Oceano Antártico. Porém, após dois anos o país voltou a caçar, sob um programa que incluiu a redução de sua cota de capturas em cerca de dois terços.
Grupos ambientalistas alertaram para a ameaça: “Esta reunião é crítica. A IWC deve ser um órgão de conservação de baleias do século XXI, e não um antigo clube de baleeiros ”, disse Patrick Ramage, diretor de programas marinhos do Fundo Internacional para o Bem-Estar Animal ao Guardian. “Os países membros devem se unir e impulsionar o progresso em direção à proteção das baleias, e não permitir que essa comissão seja puxada para a era passada da caça comercial de baleias”.