Que o ChatGPT está há alguns bons meses chamando bastante atenção e ocupando capas de revistas e muitas (mas muitas mesmo) manchetes de publicações de mídia mundo afora isso não é novidade. Mas algo que está sendo menos notado, mas que é consequência direta do burburinho que a Inteligência Artificial (IA) causou, é um mercado de empregos em ascensão visando a tecnologia.
Da mesma forma que o metaverso trouxe cargos novos como o “Chief Metaverse Officer (CMTO)”, agora também despontam vagas para especialistas em algo como “inserção de insights para IA” – e cujos salários são realmente impressionantes, podendo chegar aos US$ 335 mil por ano (o que dá quase US$ 30 mil ao mês).
Como a categoria é novíssima, ainda não há um perfil específico para a vaga. Isso significa que muitas das oportunidades sequer necessita de um diploma de engenharia da computação – que seria um perfil mais óbvio para um cargo de TI.
Esses novos profissionais estão sendo chamados de “engenheiros imediatos”, ou pessoas que passam o dia “persuadindo” a IA a produzir melhores resultados, imputando insights que instiguem a ferramenta, bem como ajudando empresas a treinarem sua força de trabalho para aproveitar esse tipo de recurso no dia a dia.
Inteligência Artificial, como o ChatGPT, pode mudar o mercado de trabalho?
À medida em que a tecnologia evolui – ao passo que empresas como Microsoft, Google integram a ferramenta como parte integrante de seus serviços e produtos – a busca por profissionais que saibam mexer de fato com a IA começam a ser necessários. Afinal, como toda tecnologia, não basta saber mexer na ferramenta, é preciso também saber como direcioná-la para extrair o melhor dela no dia a dia.
“É como se fosse uma espécie de ‘sussurrador’ de AI”, explicou Albert Phelps, engenheiro de prompt da consultoria Mudano, braço da Accenture localizada na Inglaterra, em entrevista à Bloomberg.
“É comum encontrar engenheiros de prompt vindos de áreas como história, filosofia, ou com algum conhecimento no idioma inglês, porque [o trabalho] é uma essencialmente um jogo de palavras. Você tenta traduzir em palavras e de forma concisa a essência, ou o significado de alguma coisa, considerando um limite determinado [de caracteres]”.
Phelps é um dos representantes do ramo fora da TI: ele estudou história na Universidade de Warwick, na Inglaterra. Antes de entrar na pesquisa de IA, ele trabalhava com consultoria para bancos.
Hoje, ele trabalha como engenheiro de prompt, onde passa grande parte do dia escrevendo mensagens (prompts) para a IA, para que a ferramenta salve os comandos – que, de acordo com Phelps, pode chegar a cerca de 50 interações diárias com a ferramenta -, para que possam ser usados por outras pessoas posteriormente.
Claro que, falando dessa forma, parece bom demais para ser verdade: um salário alto para um trabalho fácil e que qualquer pessoa pode fazer. A “pegadinha”, claro, é que os maiores pagamentos vão para pessoas que possuem experiência na área de machine learning, ou que já trabalharam com inteligência artificial – claro.
Mas ainda é fato que o mercado carece desses profissionais e que muitos que iniciarem agora poderão ditar seu próprio preço. E quem pensa que as oportunidades estão limitadas ao mercado da TI, pode repensar: outras empresas como escritórios de direito e do ramo financeiro estão entre as principais interessadas em aplicar a IA para auxiliar a solucionar problemas do dia a dia.
E deve-se também considerar que não são todos os locais que aprovam os valores pagos. “Não precisamos de um especialista de 300 mil libras, todo esse dinheiro é ridículo”, afirmou Nick West, partner e diretor de estratégia do escritório Mishcon de Reya, de Londres.
Pelo sim, pelo não, quem estiver interessado deve aproveitar a corrida – afinal, ainda é incerto quanto tempo ela irá durar. “Eu não teria tanta certeza de que isso irá continuar por muito tempo. Eu não me preocuparia muito com o mercado atual da engenharia de prompt [porque] está começando a evoluir muito rapidamente.”
Via Bloomberg
Créditos: TecMasters