Negócios

Saiba como quitar suas dívidas

“Pense na seguinte situação: você está com problemas financeiros e com dificuldades de pagar as despesas. Imaginou? Agora pense como deve ser seu dia a dia. Explico como é: você dorme mal, pois fica preocupado em como pagar as dívidas. Quando acorda, o telefone já tocou cerca de três vezes: um telefonema do banco, outro da loja de magazine e outro do açougue da esquina, te cobrando. Você não consegue pagar as dívidas. Nem o ‘vale’, que cairá na semana seguinte, vai cobrir as despesas. Na hora do trabalho, não consegue pensar em outra coisa e seu rendimento cai consideravelmente. Ao chegar em casa, seu marido ou esposa discute com você por conta do problema de dinheiro. E tudo recomeça”.

O trecho acima revela como é a rotina de alguém com problemas financeiros e quem afirma é o consultor financeiro da Ponto de Equilíbrio Consultoria Financeira e palestrante empresarial, Fábio Henrique. “Às vezes, há a reclamação de que se está ganhando pouco, mas o problema nem é esse. Normalmente, ganha-se um salário de mercado, ganha o que a categoria paga”, afirmou. “No entanto, os problemas financeiros surgem pois essa pessoa não consegue adequar sua rotina e seus gastos de acordo com o que se ganha. É diferente. O problema é no que ele está gastando. Ele está perdendo a mão, ele está pagando juros. É um saco sem fundo”, afirmou. “Por isso é fundamental que as pessoas aprendam em como lidar com o dinheiro”, contou.

 

Problema Cultural

Ele afirma que, culturalmente, as pessoas não têm exemplos de Educação Financeira nas famílias, no geral. “Quando somos crianças, mesmo não entendendo, os exemplos que mais vemos são de pais com problemas financeiros devido ao baixo salário e/ou as altas despesas e também pais que não têm costume de falar isso com os filhos pois, eles mesmos não entendem ou não sabem lidar com o dinheiro”, afirmou. E, com isso, a criança cresce repetindo o exemplo que viu nos pais e leva isso para toda sua vida. “Essas pessoas, quando adultos, não seguem nenhum padrão de planejamento, de orçamento, de planos, de fazer contas, de economizar”, disse. “Como resultado, perde-se qualidade de vida devido aos problemas financeiros. Com as dívidas, você recebe cartas de cobrança pois não consegue pagar as contas, você pode ter bens penhorados, não consegue realizar seus planos, não consegue fazer as viagens de que gostaria”, contou.

Segundo última pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a região Sudeste possui 37% de consumidores negativados em números absolutos, com faixa etária entre 18 a 95 anos. “Sabemos que as pessoas passam dificuldades e que é trabalhoso arcar com as despesas, mas nem por isso se precisa escolher a opção que tem os juros mais altos do mercado, que é o cartão de crédito”, disse. “Falta educação financeira para ensinar como lidar com o dinheiro, ver as possibilidades, reduzir as despesas, tentar novas formas de sobreviver e também, como racionalizar contra a sedução das instituições financeiras, que oferecem valores altos de crédito”, conta o palestrante.

Como acabar com suas dívidas e lidar com o dinheiro

Fábio Henrique ressalta que há outras possibilidades práticas a serem trabalhadas. “Uma delas é a redução do consumo – inclusive de itens supérfluos – aquele em que você compra e logo se arrepende, pois não precisava daquilo. Somos seres desejantes e isso é normal. Mas desejar é uma coisa, comprar é outra e se endividar é outra. Tudo depende de planejamento. Outra forma é a busca em aumentar a renda”, contou.

O consultor financeiro também alerta quanto à inadimplência, cuja expressão popular “ficar com o nome sujo” não gera tanta preocupação. “O que é percebido, no geral, que alguns pensam em gastar até quando atingir o limite e, se não der para pagar e o nome ‘ficar sujo’, há o pensamento de que após 5 anos a dívida ‘some’, prescreve ou depois de dois anos, o banco vai descontando”, afirmou. “A forma de se pensar deve ser a de evitar ficar inadimplente, pagar as contas mensais e guardar, mesmo que um pouco, ao final do mês. É necessário que todo mundo perceba isso e mude seus comportamentos, pois todo mundo sai perdendo. Até aquele que paga suas contas em dia perde, pois os juros aumentam e ele paga mais caro, as tarifas e os produtos”, afirmou Henrique.

Outras dicas que o consultor da Ponto de Equilíbrio Consultoria Financeira oferece são:

1- Planejamento e Orçamento Anual: “O primeiro passo é criar um orçamento, onde se consiga enxergar as receitas e despesas e, à parte das despesas, as dívidas. Temos que separar a conta de luz, aluguel e de mercado da dívida de empréstimo no banco. Com isso, pode-se enxergar quanto custa a vida daquele indivíduo e ver se existe uma sobra. E também o porquê de ter surgido aquela dívida”, conta. “O ideal é analisar quais são suas dívidas e o tamanho dessas dívidas, comparado ao que se ganha”, afirmou.

2- Gestão das Finanças: “a melhor dica é: gastar apenas dentro do que se ganha. Valorize seu trabalho e não pague parcelas com juros, pois os juros fazem você perder seu dinheiro conquistado durante o mês de trabalho”.

3- Se já estiver com dívidas: “É preciso tentar eliminá-las. A principal maneira é tentar negociar. Às vezes, não se consegue pagar 1000 reais para o banco, mas é possível pagar 600 reais, por exemplo. Então, deve-se ir em busca de um acordo, uma negociação”.

4 – “Uma estratégia na negociação é o que chamamos de ‘alongar a dívida’. Por exemplo, se eu devo 20 parcelas, eu tento aumentar para 60 parcelas e, com isso, uma parcela que estava num valor x, fica menor e, então, consigo pagar. Lógico que, no meio de tudo isso, há juros e perde-se dinheiro, mas é necessário ver que, se nesse acordo conseguirá pagar essa parcela menor e se realmente vai fechar com resultado positivo”.

5- Não adianta pegar empréstimo para pagar empréstimo: “Se eu peguei um empréstimo em um momento lá atrás, eu já estourei meu orçamento e continuarei com o orçamento estourado se não tomar cuidado”.

6 – “Na negociação falada acima, não adianta parcelar por parcelar. Tem pessoas que ficam parcelando e conseguem pagar só as três primeiras. Isso acontece pois, essa pessoa não fez o orçamento do limite que poderia pagar de acordo com sua renda. No caso, aquele parcelamento não está compatível à receita. O caminho então é ter cautela, criar o orçamento, entender o que está acontecendo e partir para negociações, acordos e gerenciar esse passivo. Isso é fundamental”, afirmou Fábio Henrique.

7 – “Com as mudanças do cartão de crédito, evite pegar cartão de crédito emprestado pois, se você já atingiu o limite de compra do seu cartão, você não conseguirá pagar o cartão de crédito de parentes, por exemplo”.

8 – “Não peça cheque pré-datado de terceiros, pois se já tiver com seu limite de gastos feito no seu cartão, você não conseguirá pagar mais nenhuma dívida”.

Como evitar cair em dívidas?

O consultor financeiro explica: “Muitas vezes a dívida é importante para o desenvolvimento do indivíduo. Por exemplo: você paga 1500 reais de aluguel. Você pode comprar uma casa própria, financiada, pagando 1100 reais por mês durante 30 anos. É uma dívida que faz parte, uma dívida de um bem durável, de longo prazo. Se for bem gerenciada, você vai conquistar alguma coisa. Tanto para pessoa física, quanto para jurídica, o endividamento faz parte do cotidiano”. Segundo ele, o problema surge quando a dívida é insustentável, a dívida que não está compatível com o orçamento, com as receitas e também, o surgimento de dívidas desnecessárias. “A vida é feita de escolhas e toda escolha envolve perdas. O ideal é evitar dívidas desnecessárias e que comprometam a vida e o orçamento do indivíduo. Mas não podemos generalizar e considerar que a dívida é algo danoso em todos os casos. Principalmente tratando-se de dívidas de investimento”, afirmou.

Para evitar contrair novas dívidas é fundamental saber o que se quer e o quanto se pode gastar para evitar um autoendividamento. “É fundamental ter o orçamento, calma, paciência, planejamento e esperar. O indivíduo ganha com isso pois deixa de pagar juros. Quando se pagam juros, perde-se o poder de compra”, finalizou.

 

Share Button