Transformar corpos humanos em composto orgânico pode ser uma das soluções para reduzir o impacto ambiental dos enterros tradicionais. A opção foi pensada pela norte-americana Katrina Spade, que projetou um centro de compostagem humana, como alternativa aos cemitérios e crematórios.
O projeto, apelidado de Morte Urbana, se baseia em princípios simples e totalmente naturais. A ideia está em fase de testes, mas já conquistou o apoio de acadêmicos que acreditam em seu sucesso. “Compostagem faz as pessoas pensarem em cascas de banana e borra de café. Mas, nossos corpos têm nutrientes. E se pudéssemos produzir novas vidas mesmo depois de termos morrido?”, indaga Katrina, em entrevista ao jornal The New York Times.
O processo é muito simples. O corpo humano ou de animais é um material rico em nitrogênio. Ao ser inserido em um ambiente com material rico em carbono, como é o caso das aparas de madeira ou serragem, acrescentando umidade ou nitrogênio extra ao ambiente, a atividade microbiana começa a “cozinhar” e decompor os corpos.
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As bactérias liberam enzimas que decompõem em partes os componentes do tecido e, ao poucos, criam um material orgânico semelhante ao solo. De acordo com o projeto, a temperatura dentro dessas centrais de decomposição chegaria a 60ºC. Este calor é suficiente para matar patógenos comuns.
Mesmo com toda essa atividade natural e ação das bactérias, os idealizadores e pesquisadores acreditam que, se feito corretamente, o processo não deve ter cheiro algum. Os ossos também se decompõem, mas levam muito mais tempo. Em cada um dos recipientes eles estimam que seja possível abrigar até 30 corpos.
A compostagem humana ainda não foi aprovada nos Estados Unidos, mas o projeto já inclui todos os detalhes do processo. Um de seus principais diferenciais é o preço, que deve ser mais acessível do que os enterros tradicionais e cremação.
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As famílias que optarem por este formato contam com uma cerimônia, assim como acontece em cemitérios. Ao chegar à central, o corpo fica durante dez dias em um espaço refrigerado antes da cerimônia, Depois disso, o cadáver é envolto em um tecido, que substitui os caixões. A própria família se encarrega de leva-lo até o espaço de compostagem, onde ele fica por semanas, se decompondo naturalmente. Katrina incentiva os entes a voltarem ao centro para coletarem parte do composto orgânico e usarem em seus próprios jardins, como um ritual de lembrança, que eterniza a memória e o sentimento.
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Redação CicloVivo