Esqueça o ambiente de escritório com engravatados, computadores e uma sala com paredes brancas. Agora imagine corda, pião, parede de escalada, futebol de sabão, entre tantas outras brincadeiras. No Radically 10 trabalhar é sinônimo de diversão, literalmente. E os clientes? Diversas crianças e até adultos que tem só um lema: brincar.
Fundado por Wallace Souza, de 27 anos, que encontrou durante a faculdade de Educação Física a paixão por recreação, o negócio tem o objetivo de resgatar brincadeiras de infância, estimular a interação em festas infantis e claro, garantir a segurança dos pequenos. “Muita gente pensa que é só diversão, que é algo fácil de se fazer para ganhar dinheiro, porém há muitas preocupações, como a satisfação total dos pais, filhos e convidados, além da segurança, que é primordial”, conta. Confira a entrevista de A Magia do Mundo dos Negócios com Wallace Souza, da Radically 10:
Como teve a ideia do negócio?
Sempre gostei de trabalhar com crianças, e, há quatro anos, trabalhava em um clube, onde ficava o dia todo monitorando as crianças em uma parede de escalada. Elas não paravam, brincavam o dia inteiro sem parar. Então pensei: se eu tivesse uma parede dessa e cobrasse um real, quanto ganharia?
Procurei um engenheiro para fazer o projeto, um amigo marceneiro produziu e eu comecei a trabalhar com a parede de escalada e recreação. Fiz cursos, me especializei e hoje trabalhamos de uma forma em que as crianças se divirtam e os pais fiquem tranquilos sabendo que estão seguras.
E como funciona a Radically 10?
A gente leva o serviço até o público, ou seja, não temos um espaço físico além do escritório. Então os pais nos procuram, dizem qual é o espaço, se uma casa, chácara ou buffet, a quantidade de convidados e indicamos as melhores opções em brinquedos e brincadeiras para aquela festa.
Hoje, além da recreação e da parede de escalada, temos futebol de sabão, tobogã aquático, guerra de cotonetes, pula-pula, piscina de bolinhas, slackline e cama elástica.
Qual é seu diferencial?
O diferencial é que tratamos cada festa como única, não é porque vamos fazer cinco festas em um final de semana, que todas serão iguais.
Sempre analisamos o lugar, número de crianças, idade, e vemos o que pode ser feito.
Contamos com uma equipe com oito monitores da área de Turismo ou Educação Física, pois temos esta preocupação com segurança e bem estar das crianças.
Outro compromisso é manter a palavra até o fim. Se combino de levar tais brinquedos e brincadeiras, faço um checklist com tudo que preciso levar, para que não falte nada, sem surpresas no final, principalmente no preço, que não pode fugir do combinado.
Sabemos trabalhar com as crianças, a linguagem de acordo com a sua idade e levamos isso em conta também.
O público infantil é mais exigente que o adulto?
Tenho mais facilidade para lidar com as crianças do que adultos, elas têm imaginação, procuram sempre se divertir e eu realmente às prefiro aos adultos.
Mas é preciso saber lidar com os pais também, pois às vezes eles querem algumas coisas que podem ser perigosas e precisamos orientar e negociar para chegar à forma mais segura de fazer com eles.
Qual é a importância de manter estas brincadeiras tradicionais vivas?
As brincadeiras tradicionais têm grande importância em nossa programação. Em festas de quatro horas, por exemplo, separamos uma hora para carrinho de rolimã, corrida no saco, chinelão, pião, pé na lata, coisas que fazíamos na infância. Antigamente as crianças mesmo se organizam e faziam as brincadeiras e hoje em dia por causa da tecnologia e segurança – porque muitas vezes nem dá para brincar na rua – , a gente leva para elas, mas é exatamente o que fazíamos, então é divertido para nós e para eles.
Presenciou alguma história marcante neste negócio?
Há dois anos montamos nossa parede de escalada em um evento beneficente em uma praça. As crianças estavam se divertindo lá, quando vi uma menino de cadeira de rodas passando com os pais e apontando para a parede. Seu pai veio até mim e perguntou se ele podia ir e eu disse que com certeza, bastava ele me ajudar a erguê-lo. Mas, neste momento, a mãe acabou pedindo para deixarmos para outro dia e foi embora.
Meia hora depois o pai voltou escondido da mãe e colocamos o equipamento nele com a cadeira, subimos a corda e deixamos ele lá em cima se divertindo um pouco. A mãe, que tinha ido comprar pastel, voltou, viu ele lá em cima e veio gritando “tira ele daí, ai meu Deus, socorro”, e falei “mãe calma, olha como ele está feliz”, então ela começou a chorar, e percebeu que ele estava adorando estar lá em cima, junto com as outras crianças. Ele dava risada, se divertia e mostramos que não é porque tem deficiência que vai deixar de fazer alguma coisa.
Qual sua dica aos empreendedores que pensam em investir no público infantil?
A primeira dica é: tem que gostar dessa área, pois não é fácil, nem para qualquer um. Muita gente acha que é só levar um brinquedo e ganhar dinheiro. Mas tem que saber lidar com os pais e as crianças. Sejam detalhistas, não deixe passar nada despercebido.
Ofereça tudo que você tem e sempre leve o que ofereceu, porque seu cliente fica esperando, tem que ser minucioso porque isso vai diferenciar seu negócio dos outros que só fazem por fazer.