O Wi-Fi 7 já é mais do que uma ideia conceitual de “internet do futuro”: o novo padrão de conexões sem fio já está entre nós e você nem notou. O conforto do atual Wi-Fi 6 fez com que as empresas de tecnologia já corressem atrás do “próximo passo”, a fim de antecipar a próxima revolução e, como resultado, já estão começando a aparecer os primeiros produtos com suporte ao padrão vindouro.
Duvida? Sabe o Galaxy S23 que noticiamos na semana passada? O processador dele – Snapdragon 8 Gen 2, da Qualcomm – já tem suporte ao Wi-Fi 7. A Intel espera ter notebooks rodando seus processadores no novo padrão já no começo de 2024, ou antes. Mas afinal, o que é “Wi-Fi 7” e como ele vai lhe beneficiar? Fique aqui que o TecMasters te conta:
O que é “Wi-Fi 7”?
Começando pelo “elefante branco da sala”, o Wi-Fi 7 é a sétima geração das linhas de comunicação sem fio. Na prática, é a evolução natural dos atuais Wi-fi 6 e Wi-Fi 6E suportados pelo seu smartphone, pelo seu console de videogame, notebook, enfim…por seus aparelhos conectados à internet sem um cabo de rede.
Falando no “tecniquês”, o Wi-Fi 7 é mais conhecido no meio dos especialistas como “IEEE 802.11be” dentro da convenção de nomenclaturas da chamada “Wi-Fi Alliance”, a entidade global que cria e articula parâmetros de conexões sem fio (a Qualcomm é um de seus principais membros). Os padrões anteriores se chamavam “IEEE 802.11ax” (Wi-Fi 6) e “IEEE 802.11ac” (Wi-Fi 5), respectivamente.
Não que você precise guardar os nomes mais complicados, mas é interessante que você os conheça, já que alguns produtos do setor ainda usam as nomenclaturas técnicas em suas embalagens. Se você ver algum roteador cuja caixa diz algo como “compatível com IEEE 802.11be”, saiba que aquele é um produto pronto para receber o novo padrão.
Ok, que tal explicar isso como se eu tivesse cinco anos?
Tá, foi mal. Pense em uma corrida no atletismo olímpico: você é…bem…você, e o Wi-Fi 7 é o Usain Bolt. Evidentemente, ele é bem mais rápido que seres humanos comuns: ele imprime mais aceleração, mais velocidade média, mais velocidade final, ele também é mais estável e mais difícil de derrubar se alguma coisa ficar no caminho dele. Faz sentido?
O Wi-Fi 7 segue essa mesma premissa: trata-se de um protocolo de conexão sem fio à internet, só que bem mais veloz (pelo menos quatro vezes mais, segundo documentações técnicas) e bem mais difícil de cair, com maiores velocidades de download (quando você baixa algo da internet) e upload (quando você manda algo para a internet) e menor latência (essencialmente, o tempo que demora entre você executar um comando e a conexão reproduzí-lo na tela).
Quão rápido? Bom, isso ainda é meio relativo, mas a Intel já falou em velocidades na casa dos “gigabits por segundo” (Gbps) pelo mínimo: em setembro de 2022, a empresa mostrou testes do Wi-Fi 7 em um modem da Broadcom e, naquela ocasião, a média foi de 5 Gbps.
Enquanto isso, um teste feito pelo Tecnoblog em outubro mostrou que a Claro, hoje, tem a internet móvel mais rápida a 37,17 megabits por segundo (Mbps).
Apenas para se ter uma ideia de proporção: 1 Gbps = 1024 Mbps. É, o Wi-Fi 7 é muitas vezes mais rápido do que a internet mais rápida de hoje.
Então ele já está entre nós?
Sim e não. Como toda nova tecnologia, ela leva tempo para ser maturada: assim foi quando o 3G era o padrão móvel e o 4G começou a aparecer. E assim vem sendo com o 4G dominante versus o 5G que está entrando agora no mercado.
O que vem acontecendo é: as empresas que fabricam componentes de conexão – antenas, roteadores, modems e afins – estão se antecipando e lançando hoje produtos que ainda serão úteis dentro do novo padrão, quando ele chegar.
Evidentemente, isso não vai impedir que você tenha que atualizar seus dispositivos (o que você deveria fazer sempre independente do Wi-Fi 7 estar aqui ou não). Mas essa retrocompatibilidade com smartphones e roteadores que já estão no mercado vai impedir que você, um dia, se veja sem internet por causa de uma alteração que não é do seu controle.
Empresas como a TP-Link e a já citada Samsung já contam com diversos produtos compatíveis com o novo padrão, então de repente, vale dar uma pesquisada caso você esteja pensando em se preparar para o Wi-Fi 7 de forma antecipada.
Só fica o aviso: como toda tecnologia que “ainda vai chegar”, dispositivos compatíveis com ela agora tendem a ser mais caros. Antes que ela vire o “novo normal”, ela será tratada como a inovação do momento – e inovações exigem investimentos maiores.
Falando nisso, quando teremos esse “novo normal”?
Novamente, é difícil dizer: o Wi-Fi 6 ficou uns bons dois anos em um período de transição antes de se tornar o modelo primário de conexão, então, se presumirmos a mesma linha do tempo aqui, é possível especularmos algo em meados de 2025 e além.
A dificuldade em prever uma data específica vem do fato de que um padrão novo não necessariamente “mata” o antigo: o Wi-Fi 5, por exemplo, ainda existe em certas conexões de sistemas legado. Devido à retrocompatibilidade, o Wi-Fi 7 ainda vai conviver bastante com o Wi-fi 6 e o Wi-Fi 6E.
Tecnologicamente, você ainda estará coberto, então não precisa ter medo de, de repente, se ver jogado de volta à era “de quando tudo isso aqui era mato”, como diz o meme. Você ainda verá filmes na Netflix em boa qualidade de áudio e vídeo, músicas no Spotify com ótima codificação e taxa de bits, e baixar seus jogos na PlayStation Network e Xbox Live a velocidades satisfatórias.
Eventualmente, você terá que fazer algum upgrade simplesmente porque a tecnologia demanda isso. Roteadores oferecidos por empresas de telefonia raramente têm uma qualidade satisfatória, então investir em um modelo isolado delas pode ser a diferença entre conexões em queda livre ou a maior fluidez na sua partidinha de Call of Duty Warzone 2.0.
E se, no meio disso tudo, você acontecer de estar pronto para o Wi-Fi 7, então parabéns pelo lucro, talvez?
Créditos: TecMasters