O Rio de Janeiro tem uma paisagem paradisíaca e um povo caloroso e simpático, que lhe renderam o posto de “cartão-postal do Brasil”. Apesar dos inúmeros problemas que o Estado tem enfrentado ultimamente, seu encanto permanece forte no imaginário de brasileiros e estrangeiros do mundo todo.
E eis que nesta terra abençoada, foi criado um santuário para animais abandonados. A ONG Paraíso dos Focinhos, que, apesar de ter sido fundada há pouco tempo – cerca de cinco anos – já se estabeleceu como um oásis de cuidado e bem-estar para animais sem esperança de uma vida melhor.
Hoje, o abrigo conta com uma grande estrutura montada num sítio, com capacidade para 4 gatis, 70 canis e outras comodidades para dar conforto aos cerca de 200 animais que vivem lá. Há até uma piscina para atividades terapêuticas e recreativas, além de amplas áreas gramadas.
Há também espaços específicos para evitar contaminações entre os “hóspedes”. Os gatinhos com FELV, por exemplo, têm um espaço só para eles, para evitar o contágio de outros felinos.
A ONG também faz “batidas” para combater o comércio ilegal de animais de raça. Além de resgatar animais nas ruas, também resgata filhotes de cães vendidos ilegalmente em feiras da cidade.
Busca da autonomia financeira
A grande maioria dos abrigos para animais vive de doações e pode-se dizer que não vivem, “sobrevivem”, porque os gastos quase sempre são muito maiores que o dinheiro que chega.
Com a ONG Paraíso dos Focinhos não é diferente, mas a equipe arregaçou as mangas e procura meios de se auto-financiar. Além das doações, conta com um bazar localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Algumas lojas doam roupas para o abrigo e o dinheiro da venda das peças é todo revertido para a ONG. Há também a loja pet online de produtos, parcerias com clínicas veterinárias que dão desconto e também com algumas marcas de produtos veterinários.
Rifas e campanhas pelas redes sociais (a entidade possui mais de 1 milhão de seguidores) também fazem parte da rotina para angariar fundos. A atriz Paolla Oliveira é madrinha da instituição e ajuda nas divulgações.
Ônibus itinerante para chegar mais longe
A ONG também desenvolveu o projeto do ônibus itinerante chamado “Paraíso em cada canto”, que já foi comprado, e que depois deve ser reformado vai se transformar numa clínica ambulante. Assim, será possível garantir vacina, castração, remédios para sarna, vermífugos, etc, para os donos de animais que não têm condições financeiras de oferecer esses tratamentos a seus pets. É uma maneira de cuidar sem abrigar novos cães e gatos.
Apesar de suas várias iniciativas para arrecadar fundos, a ONG passa por tempos difíceis. “Acho que nossa grande dificuldade é tornar o abrigo autossustentável. Nunca sabemos se o mês vai fechar no vermelho ou não”, afirma uma representante.
Histórias emocionantes
Ao longo de sua curta existência, o Paraíso dos Focinhos já resgatou animais em estados deploráveis, alguns até foram baleados. Casos como o do cãozinho Adam, que foi encontrado no meio do lixo, paraplégico por um atropelamento. Já o cão Miguel tinha um tumor no focinho e foi indicada a eutanásia por vários veterinários; resgatado e tratado, hoje está feliz e curado.
O cãozinho João (foto) foi abandonado pelos seus antigos donos, que o expulsaram de casa. Quando o animal tentou retornar para o lar, eles jogaram uma panela de água fervente no seu antigo pet. Uma crueldade que a entidade busca remediar com doses extras de carinho, para apagar o trauma do animal.
A foto acima mostra o antes e o depois de Tenente, que chegou com uma ferida exposta no focinho e sentindo tanta dor que não conseguia mais comer, nem beber água. Depois de tratado, hoje está saudável e só espera uma família adotiva que o ame para completar sua felicidade.
Mas talvez uma das histórias mais brutais seja a de Juninho, um filhote que vivia com a mãe e o resto da ninhada embaixo de um viaduto. Um dia, um rapaz bêbado chegou e expulsou os cães do local. Juninho foi defender a família e mordeu o calcanhar do homem, que bateu nele com um pau. A pancada foi tão forte o olho do filhote saltou da órbita. Hoje, já recuperado, Juninho é um filhote feliz, apesar de ter perdido o olho.
Voluntariado: a força do Paraíso
A fundadora Hanri Soares conta que os voluntários são a força motriz por trás de todas essas histórias de superação e cura. “São essas pessoas que fazem o Paraíso ser o que é hoje”.
Ela conta ainda que espera que a causa animal se profissionalize, para que os abrigos sejam autossustentáveis, ajudando cada vez mais animais.
Em 2016, a ONG passou também a resgatar cavalos, vítimas de carroceiros e maus-tratos nas ruas do Rio de Janeiro.
Se você quiser também fazer parte desta linda iniciativa, confira o site deles aqui.