Em versão única, sedã chega às concessionárias com mudanças no para-choque dianteiro e nos faróis, mas o conjunto mecânico não mudou
por Careca Auto-Peças
A reestilização do Kia Cerato aconteceu no final de 2015 no mundo. A chegada dele no Brasil? Janeiro de 2017. Fabricado no México, o sedã agora conta com algumas mudanças no para-choque dianteiro e nos faróis, que ficaram maiores e invadem mais a carroceria. Além disso, as luzes de neblina estão diferentes e foram reposicionadas, dando mais espaço para as entradas de ar.
As mudanças no design me renderam uma série de elogios, distribuídos pelos cinco dias que fiquei com o carro. Pena o motor ser o mesmo 1.6 flex com câmbio automático de seis velocidades, que rende até 128 cv a 6.000 rpm e 16,5 kgfm a 5.000 rpm. Para saber se o Cerato vale ou não a compra, leia a nossa avaliação.
O Kia Cerato é, definitivamente, um carro que peca nos detalhes. A lista de pontos positivos é grande, mas prepare-se para descobrir defeitos praticamente imperdoáveis para um carro de R$ 79.990, entre elas está a falta de ESP mesmo como opcional – o Cerato não oferece itens extras.
O painel é todo de plástico de aspecto simples, apenas algumas peças em preto brilhante, cromado e cinza texturizado deixam o interior mais refinado. As únicas partes de toque macio estão nas portas, manopla e em cima do painel de instrumentos. O design é conservador, prova disso é o relógio digital a la Toyota Corolla.
A conectividade também não é das mais avançadas: apesar de ter central multimídia com bluetooth, entradas USB e auxiliar e comandos no volante, falta tela sensível ao toque – indisponível para a única versão vendida no Brasil. Assim como a central, os comandos são fáceis e intuitivos. Conectar o celular demorou menos de 1 minuto. Os fãs das mídias físicas ficarão felizes em ver que o CD não foi dispensado.
Quando o assunto é espaço, o Cerato não decepciona. Existe um bom número de porta objetos, é possível colocar o celular e até a carteira em uma espécie de baú que fica no console central. O porta luvas é aberto por um botão e não é do tipo que despenca. Segundo a Kia, o porta-malas comporta 421 litros – 64 litros a menos do que o Honda City e 142 litros menor do que o Chevrolet Cobalt. Vale dizer que apesar de querer competir com os sedãs médios, o Cerato acaba tendo como principais rivais a versão EX do Honda City com câmbio CVT, que custa R$ 75.700 e a versão topo de linha Elite do Chevrolet Cobalt, de R$ 68.990.
Viajar no banco de trás do Cerato é agradável, mas não se você estiver ocupando a posição central. O duto não é dos mais altos, o que incomoda é o espaço deixado para o passageiro, o assento é pequeno e dispensou o cinto de segurança de três pontos, há apenas encosto de cabeça. Um consolo é a existência de saída de ar traseira. Luzes de LED nas portas traseiras deixam o banco de trás bem iluminado, pena as luzes dianteiras ainda serem amarelas à moda antiga.
Impressões ao dirigir
Depois de passar alguns dias com o Cerato, duas características me surpreenderam. A suspensão e a direção elétrica são muito bem calibradas. O volante é bem leve na hora de fazer manobras e rígido o suficiente em altas velocidades. Já a suspensão filtra bem as irregularidades do solo, os passageiros do banco de trás não são maltratados. Um dos motivos? Amortecedores a gás bem calibrados e um esquema McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira que não deixam a estabilidade de lado.
Se na hora de dirigir o principal ponto positivo é o conforto trazido pela direção e pela suspensão, o desempenho e o barulho estão entre os pontos negativos. Falta fôlego, pincipalmente em subidas e retomadas. A percepção de desempenho insuficiente aumenta quando escolhemos o modo de condução “comfort”. As respostas do acelerador são lentas e o principal culpado é o câmbio, que demora pra entender quando o motorista precisa de mais força, as aletas atrás do volante se fazem necessárias. Então, é preciso pisar fundo no acelerador para ver o Cerato pular da 6ª para a 4ª marcha, o que faz o motor gritar por um tempo maior do que o desejado. Apesar disso, as trocas de marchas são suaves.
Existem ainda outros dois modos de condução: “normal” e “sport”. Eles não aumentam o giro do motor, as opções, na verdade, influenciam diretamente em como o câmbio irá se comportar. Ele pode responder mais rapidamente ou ficar mais sedado. Na estrada, os giros ficam em 2.700 rpm a 120 km/h na 6ª marcha.
Quando o assunto é economia de combustível, o Cerato decepciona. Para um motor 1.6, era esperado que o consumo fosse um pouco melhor. Segundo o Inmetro, o sedã faz 6,6 km/l na cidade e 9,1 km/l na estrada com etanol. Abastecido com gasolina, os números mudam para 9,5 km/l e 12,4 km/l, respectivamente.
A reestilização do Cerato vem equipada com ar-condicionado digital de duas zonas com saída para os bancos traseiros, trio elétrico, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, repetidor de seta, aletas atrás do volante, airbag duplo, volante multifuncional com controle de som, controle de velocidade de cruzeiro, computador de bordo e modo de direção (Comfort/Normal/Sport), volante com regulagem de altura e profundidade, apoio de braço, pedais cromados, rádio com CD/MP3 player, bluetooth e entradas auxiliar e USB, luz diurna de LED, roda de liga-leve de 16 polegadas, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, Isofix (para fixação de cadeiras infantis), acendimento automático dos faróis, faróis de neblina, tomada auxiliar de 12 V e sistema de som com 4 alto-falantes e 2 tweeters. Sentimos falta de: sistema start-stop, controle de tração e estabilidade e cinto de três pontas para o passageiro do meio do banco de trás.
Não. Apesar de prezar pelo conforto, o Kia Cerato peca em itens importantes, como a ausência de tela multimídia e as respostas lentas do câmbio e do motor, que grita em retomadas. Sem falar que o patamar de preços das peças é muito elevado para a classe e entra no território das marcas premium em custos. Os pontos positivos ficam para a suspensão e a direção elétrica, muito bem calibradas.
Ficha técnica
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cil. em linha, 16V, comando duplo, flex
Cilindrada: 1.591 cm³
Potência: 128 cv (E) / 122 cv (G) a 6.000 rpm
Torque: 16,5 kgfm a 5.000 rpm (E) / 16 kgfm a 4.500 rpm (G)
Câmbio: Automático de 6 marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Indep. McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.)
Freios: Discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.)
Pneus: 205/60 R16
Comprimento: 4,56 m
Largura: 1,78 m
Altura: 1,44 m
Entre-eixos: 2,70 m
Tanque: 50 litros
Porta-malas: 421 litros (fabricante)
Peso: 1.310 kg
Garantia: 5 anos
Seguro: R$ 2.764
Cesta de peças: R$ 19. 552,73
Revisões
10 mil km: R$ 292,65
20 mil km: R$ 649,65
30 mil km: R$ 467,65
Fonte: AutoEsporte
Créditos : Autos24h