Será que um dia nossa internet chega lá? Pesquisadores da NASA, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e outras instituições quebraram o recorde de velocidade de um link de comunicação a laser via satélite entre a Terra e o espaço. O experimento atingiu a taxa de transmissão de dados de incríveis 200 gigabits por segundo (Gbps).
Para se ter uma ideia de quão rápida é essa conexão, em uma passagem de apenas 5 minutos sobre uma estação terrestre, um satélite é capaz de transmitir mais de 2 terabytes de dados, o que equivale a aproximadamente 1.000 filmes em alta definição. Sabe aquele game de 100 GB? Daria para baixar rapidinho também…
Internet via satélite de altíssima velocidade
O novo link de comunicação usa um sistema chamado TeraByte InfraRed Delivery (TBIRD), que está instalado em um satélite a 530 quilômetros acima da superfície da Terra. No ano passado, quando foi lançado, o TBIRD alcançou velocidade de até 100 Gbps, o que já é 100 vezes mais rápido que a internet banda larga na maioria das cidades do mundo.
Na Terra, as redes de dados mais rápidas dependem de comunicações a laser por fibra óptica. Mas ainda não existe nenhum serviço de banda larga a laser para satélites. Hoje, tanto as agências espaciais quanto as operadoras de satélites comerciais usam o rádio para se comunicar com objetos no espaço. Aliás, é assim que funciona a Starlink, de Elon Musk, que hoje oferece velocidades de download na casa dos 100 megabits por segundo – o que é bom, mas não chega perto dessa solução a laser.
Tudo bem, mas pra quê tanta velocidade em um link via satélite? Segundo Kat Riesing, engenheira aeroespacial e membro da equipe do MIT, o TBIRD é um grande facilitador para missões que coletam dados importantes sobre o clima e os recursos da Terra, bem como aplicações de astrofísica, como imagens de buracos negros.
“As implicações são de longo alcance porque, simplesmente, mais dados significam mais descobertas”, completa Jason Mitchell, engenheiro aeroespacial do programa de Comunicações e Navegação Espacial da NASA.
O TBIRD
Criado em 2014 pelo Laboratório Lincoln do MIT, o TBIRD surgiu como uma solução de baixo custo e alta velocidade para acessar dados em espaçonaves. A arquitetura do sistema é capaz de suportar vários canais por meio da separação de comprimento de onda para permitir altas taxas de dados. Foi assim que o TBIRD alcançou os 200 Gbps em 28 de abril, usando dois canais de 100 Gbps. “Isso pode aumentar ainda mais em uma missão futura se o link for projetado para suportá-lo”, observa Riesing.
O próximo passo da equipe de pesquisa é explorar onde aplicar essa tecnologia nas próximas missões. Os cientistas também estudam maneiras de levar as capacidades do TBIRD até a Lua, para apoiar futuras missões no satélite natural da Terra.
Créditos: TecMasters