Meio Ambiente

Índice de limpeza urbana revela que cidades com taxas de lixo têm melhor resultado

Os munícipios com arrecadação específica para a gestão de lixo oferecem uma destinação mais correta dos resíduos: cerca de 70% das cidades com arrecadação específica dispõem corretamente os resíduos – encaminhando-os para aterros sanitários. Nas localidades sem arrecadação específica, o índice é de 28%. Os dados estão na segunda edição do Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana (ISLU), elaborado pelo Selur (Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana) e pela PwC. O estudo também revela que, nos munícipios com arrecadação específica, o índice de reciclagem de lixo é o dobro (6%) daqueles onde não há a cobrança específica para a gestão de resíduos sólidos.

As cidades que contam com um planejamento de limpeza urbana também apresentam um desempenho melhor. O estudo mostra que 75% dos munícipios com esse tipo de plano e arrecadação específica dispõem o lixo em aterros sanitários, ante 24% daqueles sem arrecadação e planejamento de sustentabilidade. “Os dados apresentados revelam a importância de mecanismos específicos para gerar recursos para o descarte correto dos resíduos”, diz Marcio Matheus, presidente do Selur. “O ISLU também traz uma série de análises e parâmetros para que gestores públicos e privados de limpeza urbana possam tornar o ambiente das cidades mais adequado e sustentável”.

O estudo tem como objetivo suprir a falta de informações sobre a coleta de resíduos nas cidades brasileiras e mapear o cumprimento das recomendações da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Nesta edição, foram avaliados 3.049 municípios, ante 1.729 no ano passado. Os dados utilizados foram coletados na base de 2015 do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). O ISLU criou um índice para avaliar a limpeza urbana nos municípios e o grau de cumprimento das normas estabelecidas pelo PNRS, com uma pontuação que varia de zero a um.

Para chegar aos resultados do ISLU, quatro aspectos são levados em consideração: Engajamento do Município (população atendida e população total); Sustentabilidade Financeira (arrecadação específica menos despesa do serviço sobre a despesa total do município); Recuperação dos Recursos Coletados (material reciclável recuperado sobre total coletado); e, por fim, Impacto Ambiental (quantidade destinada incorretamente sobre a população atendida).

Destaques    

A região Sul se destaca pelo segundo ano consecutivo. Os estados sulistas, liderados por Santa Catarina e Paraná, obtiveram a melhor pontuação no estudo, com 70% dos munícipios entre os 50 mais bem colocados no levantamento, seguida pelo Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e Norte. O primeiro colocado no ranking deste ano é Maringá, no Paraná, com uma nota de 0,74. “O Paraná é um dos estados que investem em educação ambiental há pelo menos três décadas e continuamente realiza esforços de conscientização popular, o que ajuda a explicar seus bons resultados no ISLU”, diz Federico Servideo, sócio da PwC Brasil.

Os paulistas também conquistaram boas pontuações, com cidades como Santos, Sorocaba, Campinas, Santo André e São Bernardo do Campo entre as 20 primeiras posições do ranking. A capital paulista, no entanto, figura na 50ª posição entre os municípios com mais de 250 mil habitantes. Brasília, por sua vez, está entre as cidades com pior desempenho. O Distrito Federal possui o segundo maior lixão da América Latina. O aterro começou a ser desativado recentemente – a previsão é que o processo seja concluído até 2018. A iniciativa poderá colaborar para a diminuição do passivo ambiental da capital.

Repetindo os resultados do ano passado, os munícipios da região norte ocupam as 20 piores posições do ISLU entre os municípios com mais de 250 mil habitantes. Capitais como Manaus, no Amazonas, Rio Branco, no Acre, Porto Velho, em Roraima e Teresina, no Piauí, obtiveram algumas das pontuações mais fracas. Um dos principais motivos é o desempenho em relação à coleta de resíduos. “O estudo revela tanto os avanços realizados pelas cidades no que diz respeito à limpeza urbana e sustentabilidade quanto lança luz sobre o caminho que ainda precisa ser percorrido”, diz Matheus.

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