Hatches disputam o ranking de carros mais vendidos do Brasil; mas qual tem o melhor acabamento, custo-benefício e desempenho
por MICHELLE FERREIRA| FOTOS: FABIO ARO
Dizem que o mercado automotivo é um dos mais competitivos do Brasil — a Fiat que o diga. Apesar das 500 concessionárias no país e de ter sido líder de vendas por 14 anos consecutivos, amarca se vê ultrapassada pela Chevrolet em participação de mercado no acumulado do ano. E não há Toro e Mobi que resolvam a situação. A pedra no sapato da montadora italiana? Chevrolet Onix, líder de vendas no Brasil desde 2015.
Para tentar reverter a perda, a Fiat lançou em junho um novo hatch. O Fiat Argo chegou em sete versões, que vão de R$ 46.800 até R$ 70.600. A configuração de entrada Drive pode ser equipada com os motores 1.0 flex três cilindros de até 77 cv e 10,9 kgfm e 1.3 flex quatro cilindros de até 109 cv e 14,2 kgfm. A Precision e a HGT podem vir com o motor 1.8 E.torQ Evo VIS com até 139 cv e 19,2 kgfm. Os câmbios são: manual de cinco velocidades, automatizado de cinco velocidades e automático de seis.
Já o Chevrolet Onix possui nove versões com duas opções de motor e duas opções de câmbio. Entre R$ 41.690 até R$ 65.250, estão disponíveis os 1.0 de 80 cv e 9,8 kgfm ou 1.4 de 106 cv e 13,9 kgfm. Os câmbios são automático e manual de seis marchas.
Para nosso comparativo, as versões selecionadas foram: Fiat Argo Drive com motor 1.3 (R$ 53.900) e Chevrolet Onix LTZ com motor 1.4 (R$ 56.650), ambos com câmbio manual. Descubra qual é a melhor opção e o porquê.
Desempenho e dirigibilidade
Em dirigibilidade, Argo e Onix merecem elogios. Os hatches tem fôlego para encarar os desafios do transito. Mas, apesar de ter disposição, o hatch da Fiat já nasce desfalcado com o câmbio manual de cinco marchas. A 120 km/h, o giro do motor passa dos 3.500 rpm e o barulho começa a incomodar dentro da cabine. No Onix este problema foi resolvido na reestilização no ano passado, quando o hatch passou a ter câmbio de seis velocidades. A mudança no Chevrolet criou uma disposição constante, com a vantagem de rodar em sexta a 120 km/h a 2.900 rpm, contra 3.700 rpm do antigo.
Mas quem já dirigiu um Fiat manual não irá estranhar: a manopla tem engates bons e macios, mas é muito mole e tem o curso muito longo, como de costume. Comparado ao adversário, a direção elétrica do Fiat é a mais leve e de respostas mais rápidas, mas o Onix também tem a direção bem calibrada. Os dois modelos possuem apenas regulagem de altura do volante.
Mesmo que preserve o conforto de rodagem, a suspensão do Argo é mole demais – o que não deve ser sentido na versão esportiva HGT. Apesar de ter adotado novas barras estabilizadoras em ambos os eixos, é dentro do Onix que mais se sente as imperfeições do asfalto.
Espaço e conforto
Com porte de Punto, o Argo tem 3,99 metros de comprimento e 2,52 metros de entre-eixos. Onix possui 3,93 metros de comprimento e os mesmos 2,52 metros de entre-eixos do Fiat. O Argo é o maior e o mais largo, sendo o modelo que melhor aproveita o espaço interno. Com meus 1,64 metro de altura, ajustei banco e volante dos dois modelos, como se eu estivesse pronta para dirigir. No assento de trás, medi a distância entre o meu joelho e o banco do motorista. Sobra espaço para o hatch da Fiat – foram 24 centímetros, contra 20 centímetros do Chevrolet. De porta-malas, Argo possui 300 litros, enquanto Onix tem 280 litros.
Acabamento
O interior é, definitivamente, a melhor parte do Fiat Argo, com elementos que lembram Fiat Toro e Jeep Renegade. A cabine tem um misto de plástico rígido e texturizado e uma faixa cromada fosca que acompanha todo o painel. O acabamento é refinado, sem rebarbas ou peças mal-encaixadas. Com tecido nas portas dianteiras e detalhes em cromado, o Argo tem interior acima da expectativa, com volante e painel central que dão a impressão de carro de segmento superior. O hatch tem bom número de porta-objetos, com três porta-copos e espaço pensado para o celular.
Assim como no Argo, material suave ao toque está presente apenas nas portas dianteiras do Onix LTZ. O principal destaque do interior do hatch da Chevrolet são os bancos, que possuem uma mescla de tecido e de couro com costuras vermelhas – o Argo só possui tecido. Também há perto da manopla uma entrada USB e outra auxiliar. No painel, algumas peças parecem mal-encaixadas, como a tampa do porta-luvas. Apesar disso, o compartimento está bem posicionado.
Equipamentos
Diferente do rival, o Argo vem equipado com encosto de cabeça e cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes, sistema start/stop e isofix desde a versão de entrada. Outra novidade é a central multimídia Uconnect de sete polegadas sensível ao toque, que lembra o interior de alguns Mercedes, com três saídas de ar e uma tela posicionada no centro e no topo do painel. O sistema vem de série desde a versão Drive 1.3, é compatível com Android Auto e Apple CarPlay e possui duas entradas USB.
O Onix também oferece central multimídia com tela sensível ao toque de sete polegadas compatível com Apple CarPlay e Android Auto de série. Em uma comparação rápida entre Onix e Argo, a tela da Chevrolet leva a melhor – dá até para dizer que a Fiat se inspirou no MyLink. A central do Onix é mais intuitiva, a interface é mais moderna e, por isso, com trocas mais ágeis de telas. Porém, nenhuma delas tem GPS integrado.
As duas versões testadas possuem ainda ar-condicionado, volante multifuncional e computador de bordo. Farol de neblina é item de série no Onix, mas é um opcional vendido em um pacote de R$ 1.900 no Argo. Onix tem trio-elétrico, já o Argo não tem vidros elétricos traseiros, que podem ser adicionados em um pacote de R$ 1.200 no modelo da Fiat. Este mesmo pacote acrescenta sensor de ré, que também já é vendido de fábrica no Onix. Vale lembrar que o modelo da Chevrolet é o único do segmento a oferecer o sistema pago de concierge Onstar.
Consumo
No geral, os hatches têm indicies de consumo muito parecidos. De acordo com o Conpet (programa de eficiência energética do governo), Onix faz 8,3 km/l na cidade e 12,4 km/l na estrada com etanol. O Argo marcou 9,1 km/l no urbano e 11,9 km/l no rodoviário.
Manutenção e seguro
O Fiat Argo é o compacto mais barato de manter, mas a diferença é pequena. O pacote com as três primeiras revisões saem por R$ 1.160, contra R$1.284 do Onix, que também tem o seguro mais caro: R$ 2.394, R$ 730 a mais que o pedido para o modelo da Fiat, que sai por R$ 1.663. A cesta de peças do Fiat é o único custo maior que o do rival. Custa R$ 4.662, enquanto o do Onix é de R$ 4.111.
Vencedor: Fiat Argo
Quem vence este comparativo é o novato do mercado, o Argo. Enquanto o hatch da Fiat lidera os quesitos espaço, conforto, acabamento, manutenção e seguro, o Onix vence em equipamentos, com destaque para uma das melhores centrais multimídias do segmento. Em desempenho e dirigibilidade, ponto positivo para o Onix, que possui um ajustado câmbio manual de seis velocidades. Falta, porém, isofix e cinto de três pontos e apoio de cabeça para o passageiro central do banco de trás.
Fonte: AutoEsporte
Créditos : Autos24h