E fevereiro deste ano, o Japão lançou um satélite de monitoramento de buracos negros para o espaço, somente para perdê-lo em circunstâncias estranhas para descobrir alguns mistérios do universo. Os cientistas estavam empolgados com as possibilidades de estudo que a sonda traria, mas a missão, que deveria durar cerca de três anos, acabou durando apenas um mês. Já leu nossa matéria com a primeira coisa já vista dentro de um buraco negro?
Isso pelo fato de uma série de problemas infelizes causados por erros humanos e falhas de software deixaram o satélite girando fora de controle. Apesar das tentativas de recuperar o satélite, o Hitomi (nome do satélite) continuou a girar e jogar detritos para o espaço até a JAXA (Agência de Exploração Aeroespacial do Japão) declarar que o satélite que custou US$I 273 milhões estava perdido.
Antes de se perder completamente, os pesquisadores conseguiram salvar alguns dados que o satélite havia capturado. Esses dados foram publicados com implicações fascinantes para o que sabemos sobre o papel dos buracos negros na formação de galáxias.
As últimas observações do Hitomi foram do Aglomerado de Perseu, um conjunto de galáxias a 240 milhões de anos-luz de distância, comum buraco negro supermassivo em seu centro. O satélite foi capaz de obter este ponto de vista da galáxia, assim como medir sua atividade de raios-X.
O buraco negro supermassivo está agitando vigorosamente o gás dentro de um aglomerado de galáxias, a fim de manter a formação de estrelas a um mínimo. Os pesquisadores esperavam ver bastante atividade no centro do aglomerado, mas as observações de raios-x do Hitomi mostraram algo bem diferente. O coautor do projeto Andrew Fabian, da Universidade de Cambridge, afirma o seguinte: “O gás dentro de aglomerados é mais silencioso do que o esperado. Esperávamos que o nível fosse mais elevado, baseado na atividade central da galáxia.” Confira também a nossa matéria que mostra o que aconteceria se a Terra caísse em um buraco negro.
Andrew ainda afirma que o buraco negro no centro de Perseus agita o gás ao redor, evitando que ele esfrie e forme novas estrelas. Sem essa atividade, a galáxia central seria muito mais brilhante e teria uma massa estrelar muito maior. Mas a descoberta não é apenas um calmo oásis surpreendente em uma galáxia turbulenta. Ela também nos dá uma visão sobre o papel que buracos negros exercem em como as galáxias se formam.
Brian McNamara, da Universidade de Waterloo, afirma o seguinte: “A surpresa é que a energia bombeada para fora do buraco negro está sendo absorvida de forma muito eficiente. Este gás quente que nós observamos com o Hitomi é o material do futuro, é o gás a partir do qual as galáxias se formam. Há muito mais desse gás quente do que há estrelas na galáxia, ou seja, há mais coisas que não viraram galáxias do que coisas que viraram galáxias.”
Essa descoberta pode significar que os buracos negros próximos desempenham um grande papel no tamanho futuro de uma galáxia. “Ele mostra que os buracos negros controlam muito eficazmente a taxa de crescimento de galáxias”, afirma McNamara.
Foi a primeira vez que um satélite foi capaz de ligar o movimento do gás às bolhas. AS bolhas arrastam o gás a partir do centro do aglomerado, agitando-o e aquecendo-o. Logo, o gás é incapaz de formar novas estrelas. “Embora os movimentos aqueçam o gás no centro do aglomerado, sua velocidade é de apenas cerca de 160 quilômetros por segundo, o que é surpreendentemente lento considerando quão perturbada a região parece em imagens de raios-X”, afirma Roger Blandford, professor de física da Universidade de Stanford.
Infelizmente, mesmo com a descoberta, ainda sabemos muito pouco sobre a função dos buracos negros na formação de galáxias. Ela também nos dá um sinal de como o satélite era promissor antes de se perder, se tornando uma perda lamentável. Apesar da perca, o Hitomi gerou algumas informações significativas. Em sua primeira semana após o lançamento, a nave passou três dias analisando Perseu, fazendo um total de quatro observações. No vídeo abaixo mostra uma das observações do satélite:
E aí amigos, acham que essa descoberta pode ser uma evolução para a astronomia? Comentem!
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