Entenda por que o Twitter foi renomeado para X

Ao que parece, o Twitter virou coisa do passado. A rede social em formato de microblogging já havia trocado de razão social para X Corp. em abril deste ano e, na madrugada desta segunda (24), quem acessou a plataforma pelo desktop viu um grande “X” como logo no lugar do icônico passarinho azul.

Não foi uma pegadinha de Elon Musk — como o avatar do dogecoin visto há alguns meses — ou um bug da plataforma: o Twitter está cada vez menos Twitter e cada vez mais X, o novo nome atribuído à plataforma na gestão do bilionário que já ganhou um anúncio oficial.

“X é o estado futuro de interatividade ilimitada — centrado em áudio, vídeo, mensagens, pagamentos/banco — criando um mercado global para ideias, bens, serviços e oportunidades. Alimentado por IA, o X conectará todos nós de maneiras que estamos apenas começando a imaginar”, celebrou Linda Yaccarino, CEO do Twitter.

 

X is the future state of unlimited interactivity – centered in audio, video, messaging, payments/banking – creating a global marketplace for ideas, goods, services, and opportunities. Powered by AI, X will connect us all in ways we’re just beginning to imagine.

— Linda Yaccarino (@lindayacc) July 23, 2023

Para celebrar a mudança, a sede do Twitter localizada em São Francisco, na Califórnia (EUA), amanheceu com a projeção de um grande X em sua fachada. Mas corre nos bastidores de que os próprios funcionários não sabiam de nada até que Musk enviou um e-mail sobre o rebranding ainda no sábado (22).

 

Our headquarters tonight pic.twitter.com/GO6yY8R7fO

— Elon Musk (@elonmusk) July 24, 2023

Naturalmente que a mudança repentina também surpreendeu os usuários. E apesar de tratar-se de um rebranding já programado, muitos usuários se questionaram: “Por que?“.

Por que o Twitter virou X?

Primeiramente, é preciso entender o histórico de Elon Musk com a letra X. Por mais que pareça uma letra qualquer que faz alusão a algo tecnológico, é importante lembrar que o X é praticamente uma marca tarimbada do bilionário.

Para quem não se lembra, Elon Musk chegou a cofundar o site X.com em 1999, que basicamente foi um dos primeiros bancos virtuais do mundo. No ano seguinte, o serviço fundiu-se com a Confinity, seu maior rival na época. E como fruto disso, surgiu o serviço atualmente conhecido como PayPal.

O mais curioso é que em 2017, Musk comprou de volta o domínio X.com — que apesar de bugs, agora redireciona usuários para o Twitter — do PayPal com a justificativa de “um grande valor sentimental”.

Também é preciso lembrar que outros dois grandes negócios do bilionário são ligados (diretamente ou indiretamente) à letra X. Fundada em 2002, a Space Exploration Technologies Corporation (SpaceX) carrega o X em seu próprio nome.

Já a Tesla, apesar de não ter a letra explícita na marca, inaugurou o veículo elétrico Model X em 2015. No caso, trata-se de um SUV de luxo famoso por suas portas “asas de falcão”.

Talvez a obsessão de Musk não explique o real motivo para o rebranding do Twitter. Mas ajuda a entendermos que X já seria a principal escolha de marca com a aquisição da rede social.

Felizmente isso é explicado quando analisado o antigo desejo de Musk de criar um “aplicativo de tudo”. Vale mencionar que o projeto veio antes mesmo da compra do Twitter pelo bilionário, mas a aquisição da plataforma acelerou as coisas rumo à criação do super app.

Em resumo, o executivo quer uma plataforma muito além de uma merda rede social. Claro, ela deve conter ferramentas importantes como troca de mensagens, publicações e compartilhamento de áudios e vídeo. Mas o desejo é que este mesmo ambiente também funcione como marketplace e tenha serviços de pagamento.

Para exemplificar melhor tudo isso, é como se o Twitter rumasse para algo como WeChat, Grab ou Line, que são bastante populares na Ásia. Na região, eles funcionam como aplicativos multifuncionais que, além de servirem como redes sociais também oferecem serviços de pagamento e de videogames.

E não se trata de uma coisa surpreendente, já que o próprio Musk revelou no ano passado que a aquisição do Twitter aceleraria a criação do X, o app de tudo. Ou seja: era algo planejado.

 

Buying Twitter is an accelerant to creating X, the everything app

— Elon Musk (@elonmusk) October 4, 2022

O último dos motivos é justamente a marca dessa nova gestão. Por anos, a rede social foi reconhecida pelo icônico logo do pássaro azul, chamado de Larry, em homenagem ao atleta de basquete Larry Bird. Mas agora, Musk quis deixar a plataforma um pouco mais a sua cara. Como? Com um X gigante, é claro.

Muito além do egocentrismo do bilionário, isso serve para marcar a nova gestão da “era Musk”. Afinal, quem já era usuário da rede certamente notou como a plataforma passou por mudanças recentemente.

Limitações de tweets diários, novos selos, selos de verificados pagos, alterações no algoritmo de feed, novas métricas e parcerias publicitárias reformuladas foram algumas das mudanças vistas sob a gestão de Elon Musk. E a marca X basicamente chega para confirmar toda essa reestruturação.

Mas mais que isso, é possível que o rebranding tenha chegado para que a plataforma ressurgisse no mercado. Todas essas mudanças acima foram alvo de polêmica. E, querendo ou não, desvincular Elon Musk da marca Twitter soa como oportunidade para o bilionário diminuir a má impressão deixada desde o começo.

Alie isso ao fato da plataforma ter diminuído a receita de publicidade em 50% e ter perdido tráfego de usuários e encontraremos outra boa oportunidade para o ressurgimento de uma marca. Especialmente após a chegada do Threads, do Instagram, que promete ser um “Twitter 2.0”.