Durante toda a nossa vida, somos desafiados a gerenciar a tríade do que queremos, do que podemos e do que devemos fazer.
O “querer”
Desde pequenos, temos o desejo de conquistar ou conseguir algo. Ficar sentados, dar os primeiros passos, correr, pular, pegar um objeto, ter o brinquedo só pra nós… Queremos satisfazer necessidades, reduzir tensões e anular a dor.
Conforme crescemos, nossos desejos se tornam mais complexos e, às vezes, menos óbvios e mais poderosos, pois há a ilusão de que conseguirmos o que se queremos nos trará satisfação. Infelizmente, não. Em nossa complexidade, a satisfação de uma necessidade tem aberto espaço para uma nova, e assim por diante, e vai e vai.
O querer é sentido, imaginado e incentivado.
E nós… possivelmente insatisfeitos. Sempre desejosos.
O “poder”
Há duas faces do poder. A primeira é o poder como capacidade, habilidade, conhecimento. A segunda é o poder como espaço, permissão, consentimento. Em nossa interação com o mundo, vivemos a descoberta do que podemos fazer (como potencialidade) e assim crescemos, expandindo nossos limites internos.
Da mesma forma, aprendemos constantemente quais são as fronteiras colocadas para nossa ação. Qual é o espaço no qual podemos atuar e que parcela desse espaço podemos preencher.
Em algum momento, compreendemos que podemos ampliar esse espaço a partir do que somos, do que temos, ou do que pensam que somos, ou pensam que temos.
O poder é oferecido, restringido e conquistado.
E nós… potencialmente frustrados. Sempre ambiciosos.
O ”dever”
O dever tem uma pegada diferente… Ele não é nosso. É trazido para nós a partir de interpretações que precedem nossa interação. Expectativas e acordos implícitos e explícitos do que tem que ser feito por alguém “como nós”. Um complexo contrato de como agir dentro de um grupo, em um tempo, em um local, em uma história.
O dever segue uma norma social. É imposto e esperado.
E nós… potencialmente insuficientes. Sempre reativos.
Há coisas que eu quero fazer, mas não posso; há coisas que eu devo fazer, mas não quero; e há coisas que eu posso fazer, mas não devo.
O professor e filósofo Sergio Cortella defende que a ética é o conjunto de princípios e valores que usamos para gerenciar essa tríade.
É difícil e desafiador, mas é possível e necessário.
Ao querer: Propósito.
Ao poder: Respeito.
Ao dever: Amor.
O combinado não sai caro, diz um antigo ditado.
Fiquemos espertos. Ele tá de olho!
Alexandre Pellaes
Palestrante
Pesquisador e transformador do mundo do Trabalho
Especialista em modelos e práticas flexíveis de Gestão Compartilhada – Sociocracia, Holocracia, Management 3.0, Beta Codex e outras.
Sócio da 99jobs.com
Fundador da Exboss Desenvolvimento de Pessoas e Organizações.