A gestão familiar de uma empresa costuma despertar opiniões controversas. No Brasil, mais de 90% das empresas são familiares, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Deste número, apenas 50% conseguem sobreviver na 2ª geração e apenas 5% conseguem ter continuidade quando a 3ª geração assume. Os dados se dão por falta de interesse no ramo, falta de preparo, entre outros fatores.
Tratando-se de sucessão familiar, a tarefa de fazer a empresa crescer também não é fácil. Segundo Lucas Atanázio Vetorasso, diretor e consultor da Teaser Franchising, o chamado “herdeirismo” que define empresas com problemas de gestão causados por falta de interesse do sucessor, é hoje responsável por um grande percentual de mortalidade empresarial.
De acordo com o consultor, o responsável pela sucessão da empresa deve conseguir, sobretudo, o respeito dos colaboradores mais antigos e, claro, se dedicar totalmente para que o negócio progrida e saia da estagnação. “Os sucessores realmente dedicados atualizam o negócio, agregando valor e conhecimentos contemporâneos. É esta nova cara de dedicação, resiliência e mais estratégias que levam novos horizontes à empresa, aumentam seu leque de atuação e multiplicando o sucesso do antecessor”, explica Lucas. Dependendo do pulso do gestor, falta de disciplina com os lucros pode ser um fator crítico. Um dos conselhos é que empresas familiares contem com colaboradores de fora da família.
Um exemplo de sucesso e inovação, é a história de Reinaldo Barbosa Zanon, que com apenas 33 anos é fundador do Grupo Zanon – holding de franquias multissetorial que detém quatro marcas: Seguralta, Los Cabrones Mexicano, Franquia da Pizza e Derma Nail. Juntas essas empresas somam mais de 800 franqueados em todo o país e um faturamento de cerca de R$ 245 milhões.
O empresário que herdou de seu pai, Reinaldo Zanon Filho, a primeira marca do Grupo, a Seguralta Corretora de Seguros (fundada em 1968), começou cedo, aos 18 anos, e desmistificou o tabu de que empresa e sucessão familiar não dão certo.
Nesta época, mesmo com a experiência que estava obtendo na Seguralta, Reinaldo queria algo mais, que ajudasse a Seguralta crescer e que acabasse de uma vez por todas com o preconceito de algumas pessoas por ele ser filho do dono. Aos 24 anos, ingressou em uma multinacional e com bastante empenho e determinação conquistou espaço na equipe de expansão global, onde foi responsável por recrutar e supervisionar uma rede com mais de 500 pessoas. Toda essa expertise adquirida nesta outra empresa, trouxe novas visões para a Seguralta.
Quando ele decidiu se unir ao seu irmão, Luis Gustavo Zanon, de 31 anos, a empresa deslanchou. Os irmãos assumiram o comando da companhia e Reinaldo decidiu expandir as operações através do franchising fundando a Seguralta Franchising.
Para Gustavo Zanon dar continuidade à empresa do pai também não foi fácil e assim como o irmão, iniciou sua carreira ainda quando era bastante jovem. Até chegar à diretoria, passou por diversos departamentos operacionais além de ocupar o comercial da corretora. Sua estadia e experiência fora do país, na qual também aprendeu muito sobre processos de empresas internacionais, também culminou nos bons resultados da Seguralta.
“Nem sempre herdar uma empresa é fácil, tem que saber se adaptar e inovar para continuar em pleno crescimento. Entrar para o franchising nos rendeu novos ares e fez a empresa expandir”, relata Gustavo Zanon.
Os números da Seguralta não negam como a entrada para o setor de franquias deu certo. A marca é hoje uma das maiores corretoras de seguros do país e pioneira em seguros no franchising. Com mais de 800 unidades no Brasil, deverá somente neste ano comercializar 250 unidades, ultrapassando mil. Desde que entrou para o franchising em 2008 até meados de 2014, registrou um crescimento de 500% e foi considerada uma das 25 maiores redes de franquias pela ABF (Associação Brasileira de Franchising). Em 2015, registrou um aumento de 40% em relação ao ano anterior, finalizando o ano com um faturamento de R$180 milhões somente com a venda de produtos.
“O meu maior desafio como presidente foi começar a delegar mais. Eu era muito centralizador e sentia dificuldade de transferir funções. Acontece que todo bom líder tem que confiar em sua equipe, sem fazer isso, ele não tem tempo para se dedicar a outras tarefas e o negócio não anda. Ao delegar tarefas, houve uma troca de confiança muito grande e com o tempo consegui mostrar a que vim e que não estava lá apenas por ser o filho do dono”, comenta Reinaldo.
Hoje pais de família e herdeiros de um império que fatura milhões, os irmãos Zanon provam que receber um legado por si só não é garantia de sucesso. “Tudo isso que temos hoje é resultado da soma de experiências, inovação, confiança entre colaboradores, empenho, dedicação e principalmente da consciência de que é necessário saber conquistar o seu espaço, afinal não basta apenas ser filho do dono”, conclui Reinaldo.
E não pára por aí, Reinaldo Zanon quer continuar crescendo e transferindo todo este know-how a outros empreendedores. Ele pretende lançar ainda este ano uma empresa de treinamento chamada “Millionaire Academy” que contará com uma série de entrevistas com empresários milionários, dando dicas importantes de negócios.
A iniciativa já conta com 200 pessoas inscritas e irá abordar dicas de empreendedorismo, mindsets, marketing de guerrilha, entre outros assuntos. São três meses de treinamento online e uma finalização presencial intensiva de dois dias. “A idéia é mostrar às pessoas como sair do zero e se tornar um milionário, afirma Reinaldo. “Vou exemplificar como eu mesmo consegui assumir uma empresa que gastava mais do que ganhava e hoje fatura mais de R$ 200 milhões por ano”, finaliza o empresário.