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Cinco espécies de mamíferos britânicos podem ser extintas em menos de uma década

As populações de ouriços entraram em colapso nas últimas décadas devido principalmente ao uso de pesticidas | Foto: Zoe Shreeve

Populações de mamíferos britânicos, incluindo ouriços e ratos-d ‘água, diminuíram cerca dois terços nos últimos 20 anos, e diversos outros estão ameaçados de extinção iminente.

Mesmo algumas criaturas aparentemente comuns, como os coelhos, tiveram quedas de população expressivas motivadas pela ação humana, como atividades agrícolas e mudanças climáticas.

Estas descobertas foram apontadas em uma revisão realizada pela Mammal Society (Sociedade dos Mamíferos, na tradução livre) e pela Natural England (Inglaterra Natural, na tradução livre), e é a primeira do tipo a ser realizada em mais de duas décadas.

O país sofreu mudanças significativas desde a última análise em 1995, e algumas das espécies em risco na época, incluindo texugos e lontras, tiveram recuperações consideráveis.

No entanto, o uso de pesticidas, espécies invasoras e mortes nas estradas, todos tiveram sua parte na catástrofe, e os cientistas por trás do estudo alertaram que a Grã-Bretanha está “a beira de um precipício” e deve tomar medidas urgentes para salvar seus mamíferos.

“Isso está acontecendo bem à nossa porta, então cabe a todos nós fazermos o possível para garantir que nossas espécies ameaçadas não terminem como o lince, o lobo e os alces, desaparecendo de nossas praias para sempre”, disse a professora Fiona Mathews, presidente da Sociedade dos Mamíferos.

A revisão fez uso de dados coletados por membros da população e por cientistas ao longo de décadas, cobrindo todas as 58 espécies de mamíferos terrestres do país.

Os cientistas montaram a primeira “lista vermelha” com os mamíferos britânicos e descobriram que 12 deles estão ameaçados de extinção. Isso significa que animais como o gato-do-mato, o morcego de orelhas de rato e até mesmo o rato preto provavelmente vão desaparecer para sempre da costa da Grã-Bretanha nos próximos dez anos.

No entanto, eles avaliaram que esse resultado é provavelmente subestimado, e o número real pode chegar a um em cada três mamíferos.

“Muitas notícias são ruins, mas não são todas”, disse o professor Rob Smith, especialista em dinâmica populacional da Universidade de Huddersfield, que não esteve envolvido no estudo.

Alguns mamíferos que costumavam ser perseguidos, como doninhas e texugos, se recuperaram nos últimos anos, provando que esforços concentrados de conservação valem a pena.

Os pesquisadores não conseguiram medir de forma adequada o status de várias espécies devido à falta de dados suficientes e foi enfatizada a necessidade de coletar mais informações “antes que seja tarde demais”.

As descobertas vieram depois que estudos amplamente divulgados revelaram o colapso de populações de pássaros e insetos na Europa, tendências que levaram o naturalista Chris Packham a alertar sobre um “apocalipse ecológico”.

“Estamos à beira de um precipício e precisamos começar a fazer escolhas”, disse o professor Mathews.

“O governo e o público em geral precisam perceber, de verdade, que não há muito sentido em apenas torcer as mãos, desesperando-se”.

“O que temos de começar a pensar é: como vamos corrigir isso?”

Um motivo de preocupação ressaltado pelos cientistas e ativistas é o impacto da agricultura industrial na vida selvagem, fragmentando habitats e envenenando animais com pesticidas.

Grande parte do declínio da biodiversidade em toda a Europa tem sido associada à intensificação da agricultura e, embora os mamíferos sejam menos afetados diretamente do que os insetos ou pássaros, eles também sentem seus efeitos.

A notícia desse declínio não é uma surpresa, disse Fay Vass, executivo-chefe da Sociedade Britânica de Preservação do Ouriço.

Estamos preocupados com a falta de comida (para ouriços) nos campos de plantio onde são usados muitos pesticidas e produtos químicos, também há fazendas de produção em grande escala, de modo que há menos sebes para o uso dos ouriços”.

Enquanto isso, espécies introduzidas na Grã-Bretanha por humanos como o marta americano e o esquilo cinza levaram a quedas maciças nos números de ratos d’água e esquilos vermelhos, respectivamente.

Embora os pesquisadores não tenhma sido claros sobre os fatores que provocaram uma queda de quase 10% na população de coelhos do país, eles sugeriram que doenças introduzidas por pessoas, como a mixomatose, poderiam estar por trás do acidente.

Os autores da revisão afirmaram que há necessidade de uma análise urgente e profunda, baseada em evidências, dos métodos disponíveis para lidar com essas ameaças, como por exemplo, as medidas que os agricultores podem tomar para proteger a vida selvagem em suas terras.

Sandra Bell, ativista da organização Friends of the Earth (Amigos da Terra, na tradução livre), disse que os ministros do governo “precisam fazer muito mais para defender a vida selvagem da Grã-Bretanha”.

“Espécies maravilhosas como esquilos vermelhos ou ouriços podem nunca mais ser vistos”, disse ela, alertando que as políticas para reduzir as emissões de gases e reduzir o uso de pesticidas em fazendas são fracas e mínimas.

“São necessárias garantias para que não haja enfraquecimento das leis que protegem nossos mais preciosos sítios naturais e espécies ameaçadas quando deixamos a UE”, disse ela.

Darren Tansley, do Essex Wildlife Trust, afirmou ser imprescindível garantir que políticas amigas da natureza sejam implementadas para evitar justamente que os animais sejam espremidos em áreas cada vez mais fragmentadas de habitat.

“Frequentemente vemos espaços verdes em conjuntos habitacionais e empreendimentos imobiliários, mas um gramado plano e artificial não é de nenhuma utilidade para a conservação da natureza”, disse ele.

“Você tem que ter espaço para a natureza em essência existir”.

Leia mais em: https://www.anda.jor.br/2018/06/cinco-especies-mamiferos-britanicos-extinta-menos-decada/.

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