A poluição sonora provocada pelo transporte marítimo e perfuração de poços de petróleo causa danos severos ao sistema auditivo de cefalópodes, conforme mostra o artigo publicado no periódico Frontiers in Ecology and the Environment, da Sociedade Ecológica da América.
Os pesquisadores analisaram os efeitos de sons de baixa intensidade e baixa frequência (de 50 a 400 Hertz) em 87 indivíduos, que são especificamente Loligo vulgaris e Illex coindeti (espécies de lula), Sepia officinalis (choco) e Octopus vulgaris (espécie de polvo). Os resultados demonstram tanto a importância dos estatocistos (órgãos semelhantes a balões cheios de líquido, que ajudam estes invertebrados a manterem o equilíbrio e a posição) na percepção de sons de baixa frequência, quanto os efeitos negativos provocados pelo barulho nestes órgãos. Em todos os animais, células ciliadas dos estatocistos sofreram danos. Além disso, a exposição provocou inchaço nas fibras nervosas.
“Se as exposições curtas, relativamente de baixa intensidade, utilizadas em nossos estudos podem causar traumas severos, então o impacto da poluição sonora, de alta intensidade e contínua, no oceano pode ser considerável”, disse o líder da equipe, o engenheiro em biotecnologia Michel André, doutor da Universidade Técnica da Catalunha, em Barcelona.
Os efeitos do barulho em golfinhos e baleias já eram conhecidos, devido à importância vital das informações acústicas para estas espécies, mas não havia estudos indicando impactos graves em invertebrados. Estes danos foram sugeridos, após serem encontradas lesões em lulas encontradas mortas ao longo da costa das Astúrias, na Espanha, entre os anos de 2001 e 2003. Com informações de “O eco” e do artigo “Cephalopods experience massive acoustic trauma from noise pollution in the oceans”.
Redação CicloVivo