Meio Ambiente

Água-viva: Como agir em caso de acidente

Seis recomendações básicas de primeiros socorros e mais algumas dicas de tratamento.

O calor tomou conta do país, até mesmo as cidades que historicamente apresentam temperaturas mais baixas, como Curitiba, sofrem com recordes de calor. Para abrandar a situação, a praia tem sido um refúgio para muitas pessoas. Entretanto, é preciso ficar esperto no mar: um dos perigos é a água-viva. Neste caso, segue abaixo seis recomendações básicas sobre como agir em caso de acidente. As dicas são do biólogo marinho Marcelo Szpilman:

– Saia da água e lave o local atingido com água salgada. Jamais use água doce.

– Não tente remover os tentáculos aderidos esfregando areia ou toalha.

– Banhe a região com vinagre por cerca de 10 minutos.

– Remova os restos de tentáculos aderidos com uma pinça.

– Lave mais uma vez com água do mar e reaplique o vinagre por mais 30 minutos.

– Dores e reações inflamatórias reagem bem aos analgésicos e corticoides, respectivamente.

Por outro lado

O biólogo ainda explica que há muita controvérsia, especulações e opiniões conflitantes com relação aos procedimentos nos primeiros socorros e no tratamento das lesões provocadas pelas águas-vivas e caravelas. Ainda assim, deve-se atentar para os seguintes aspectos progressivos a serem considerados:

– O contato inicial com os tentáculos resulta primeiramente em uma modesta inoculação pelos nematocistos.

– Quanto mais tempo o tentáculo permanecer em contato com a pele, mais nematocistos poderão ser descarregados, já que as descargas são contínuas.

– Uma substancial quantidade de pedaços de tentáculo é arrancada do animal e gruda na vítima quando a mesma entra em pânico e se debate próximo ao animal.

– Os esforços subsequentes da vítima, ainda dentro da água, para desvencilhar-se dos pedaços de tentáculo aderidos, costumam resultar em um considerável aumento nas descargas dos nematocistos.

Ao perceber a sensação de queimadura, a vítima deve esforçar-se ao máximo para manter-se calma e conseguir sair da água o mais rápido possível, devido ao risco de choque e afogamento, sem, porém, tentar remover com as próprias mãos os tentáculos aderidos. Somente após chegar a terra firme é que haverá a necessidade da remoção cuidadosa dos tentáculos aderidos à pele, sem esfregar a região atingida, o que só pioraria a situação.

Tratamento

A rotina de tratamento para uma vítima de acidente com águas-vivas e caravelas deve seguir os seguintes passos:

– Remova suavemente os restos maiores dos tentáculos aderidos com a mão enluvada e com o auxílio de uma pinça. Para retirar os fragmentos menores e invisíveis tricotomize o local com um barbeador ou com uma lâmina afiada. Pode-se aplicar antes um pouco de espuma de barbear em spray, lembrando-se de não esfregar a região.

 – Lave mais uma vez o local com água do mar e reaplique novos banhos de ácido acético a 5% (vinagre) por 30 minutos.

 – Para remover os nematocistos remanescentes pode-se aplicar no local uma pasta de bicarbonato de sódio, talco simples e água do mar. Espere a pasta secar e a retire com o bordo de uma faca.

 – A dor é, em geral, controlada através do tratamento da dermatite. Ainda assim, pode-se utilizar analgésicos simples (Novalgina ou Tylenol) nos casos brandos e a morfina quando a dor é mais intensa. Os anti-histamínicos e corticoides orais ou tópicos são úteis para o tratamento das reações inflamatórias do tipo alérgica – consulte sempre um médico para orientação.

 – Havendo reação alérgica/inflamatória, aplique uma camada fina de loção do corticoide betametazona (Betnovat) duas a três vezes ao dia. Nos casos mais graves, utilize anti-histamínicos ou corticoides orais – consulte sempre um médico para orientação.

 – Em caso de infecção secundária, será necessário o uso de antibióticos com amplo espectro, tópico (bacitracina ou neomicina) ou sistêmico (ampicilina + acido clavulânico), de acordo com a gravidade – consulte sempre um médico para orientação.