A rede social outrora conhecida como “Twitter” – e agora chamada “X” – tem seu primeiro processo: a empresa liderada por Elon Musk moveu uma ação contra o Centro de Enfrentamento ao Discurso de Ódio Digital (CCDH, na sigla em inglês), alegando que um levantamento recente feito pela ONG custou “milhões de dólares em publicidade” à companhia.
O levantamento em questão, publicado pelo CCDH em seu próprio site, indicou um aumento bastante problemático de veiculação sem combate de discursos de ódio (racismo, xenofobia, fobia ao público LGBTQIAPN+, misoginia etc.) desde que Elon Musk tomou o controle do Twitter ao comprar a companhia em outubro de 2022.
Quão problemático? Segundo o CCDH, 9 em cada 10 contas, ou seja, 99% dos casos.
O processo, cuja documentação foi entregue e publicada na última segunda-feira à noite (31/7), afirma que a organização “violou os termos de uso da X” ao “coletar uma vasta quantia de dados para a sua análise”. Dizendo também que o estudo causou a fuga de diversos anunciantes da rede social, a empresa de Elon Musk também afirmou – sem oferecer nenhuma evidência – que o CCDH “é financiado por governos estrangeiros e empresas de mídia que enxergam a X como uma concorrente”.
O CCDH tem escritórios nos Estados Unidos e Reino Unido e é conhecido por veicular estudos de monitoramento de violações aos direitos humanos por meio de discursos de ódio. Em sua página oficial, vários são os levantamentos voltados ao TikTok, Facebook, Instagram e outras plataformas.
Antes da aquisição feita por Musk, o Twitter havia também figurado em algumas pesquisas da organização, mas após a aquisição do bilionário, o volume de pesquisas mencionando o Twitter aumentou.
O que diz o estudo do CCDH?
O levantamento monitorou especificamente um volume fixo – 100 perfis – de usuários assinantes do Twitter Blue, a parte paga do Twitter, agora chamado X. De acordo com o documento, as postagens problemáticas foram denunciadas à rede social por meio da própria ferramenta da plataforma.
Entretanto, quatro dias após a entrega das denúncias, os pesquisadores perceberam que 9 em cada 10 postagens ainda permaneciam no site sem nenhum impedimento ou mesmo qualquer anotação por parte do “Communities”, o recurso que permite que usuários do Twitter estabeleça contexto quanto à veracidade das informações de uma postagem. Por causa disso, as publicações problemáticas não só seguiam incólumes, como geravam mais e mais engajamento, ampliando a sua abrangência.
Tais publicações incluíam ataques a diversas minorias, tais como:
- “A cultura negra trouxe mais danos que a Ku Klux Klan jamais trouxe”
- “A máfia dos judeus querem nos substituir por pessoas marrons”
- “Travestis são pedófilos
- “‘Diversidade’ é só uma palavra chique para ‘genocídio branco’”
- “Hitler estava certo”, seguidas de montagens do ditador nazista morto na 2ª Guerra Mundial
- “Gente negra pertence a uma jaula no zoológico”
- “Ativistas de direitos LGBTQ+ precisam DE MAIS FERRO NA DIETA. Preferencialmente vinda de um pelotão de fuzilamento”
Segundo a conclusão do CCDH, no mesmo documento:
“A falta de responsabilidade do Twitter ao não remover discursos de ódio não é surpresa. Estudos anteriores do CCDH observaram a veiculação de ódio contra judeus e muçulmanos na plataforma, concluindo que a plataforma, naquela ocasião, falhou em agir em 89% e 97% das postagens, respectivamente.
A pesquisa atual não apenas amplia as preocupações de que usuários do Twitter Blue podem escapar de punições após publicarem conteúdo de ódio, mas também que eles se beneficiam da amplificação algorítmica resultante de suas assinaturas pagas.
O Twitter diz em seu site que usuários do Twitter Blue têm ‘priorização de rankings nas conversas e buscas’, afirmando que ‘pessoas no Twitter perceberão uma leve preferência nas respostas vindas de contas verificadas pelo Blue acima de outras respostas.”
Em outras palavras: usuários do Twitter Blue estã
Créditos: TecMasters