As empresas de mídia social, incluindo Facebook, Instagram, YouTube e outras, foram processadas pela Seattle Public Schools na sexta-feira (6). De acordo com a queixa, a “má conduta dos gigantes da tecnologia tem sido um fator substancial para causar uma crise na saúde mental dos jovens”.
“Esta crise de saúde mental não é um acidente. É o resultado das escolhas deliberadas e ações afirmativas dos réus para projetar e comercializar suas plataformas de mídia social para atrair a juventude”, afirma a ação judicial.
Ao assumirem a “má conduta”, “os réus exploraram com sucesso os cérebros vulneráveis da juventude, prendendo dezenas de milhões de estudantes em todo o país em ciclos de feedback positivo de uso excessivo e abuso das plataformas de mídia social dos réus”, acusam as instituições em queixa registrada no Tribunal Distrital dos EUA em Seattle, buscando “as máximas penalidades legais e civis permitidas por lei”, como a violação à lei de incômodo público do estado de Washington.
O distrito alega que sofreu um dano financeiro e operacional generalizado devido ao uso das mídias sociais e ao vício entre os estudantes. A ação cita fatores, incluindo os recursos necessários para fornecer serviços de aconselhamento aos estudantes em crise e para investigar e responder às ameaças feitas contra escolas e estudantes por causa das mídias sociais.
Embora centenas de famílias busquem casos similares na justiça contra as mesmas empresas, seguindo revelações de táticas usadas por Facebook, Instagram e outros para aumentar o engajamento de crianças e adolescentes, este pode ser o primeiro processo contra as gigantes da tecnologia apresentado por um distrito escolar do país; a Seattle Public Schools representa o maior do estado de Washington, com 106 escolas que atendem 51.650 alunos em toda a cidade desde o ano acadêmico de 2021-2022.
O processo ainda resgata uma declaração de Biden, no qual o presidente norte-americano afirma que “devemos responsabilizar as plataformas de mídia social pelo experimento nacional que estão conduzindo com nossos filhos para fins lucrativos”.
Google, Snap e Meta dizem priorizar bem-estar e segurança de jovens
Em defesa de seus respectivos produtos, Google, Meta, TikTok e Snap declararam priorizar “segurança e bem-estar de jovens”.
“Investimos muito na criação de experiências seguras para crianças em nossas plataformas e introduzimos proteções fortes e recursos dedicados para priorizar seu bem-estar”, disse o porta-voz do Google, José Castañeda, em uma declaração. “Por exemplo, pelo Family Link, fornecemos aos pais a capacidade de definir lembretes, limitar o tempo de tela e bloquear tipos específicos de conteúdo em dispositivos supervisionados”, acrescentou.
“Embora não possamos comentar sobre as especificidades dos litígios ativos, nada é mais importante para nós do que o bem-estar de nossa comunidade”, disse um porta-voz da Snap em uma declaração. “Continuaremos trabalhando para garantir que nossa plataforma esteja segura e para dar aos Snapchatters que lidam com questões de saúde mental recursos para ajudá-los a lidar com os desafios que os jovens enfrentam hoje”, continuou.
Já o TikTok não comentou sobre litígios pendentes, mas um porta-voz compartilhou com o site Axios algumas informações sobre como o aplicativo “prioriza a segurança e o bem-estar dos adolescentes”, incluindo recursos restritos à idade e lembretes de interrupção, entre outros.
A Meta repete o discurso e disse em uma declaração que a empresa queria que os adolescentes estivessem seguros online. “Desenvolvemos mais de 30 ferramentas para apoiar os adolescentes e suas famílias, incluindo ferramentas de supervisão que permitem aos pais limitar o tempo que seus adolescentes passam no Instagram, e tecnologia de verificação de idade que ajuda os adolescentes a terem experiências adequadas à idade”, disse Antigone Davis, chefe global de segurança da companhia de Zuckerberg. “Continuaremos a trabalhar de perto com especialistas, formuladores de políticas e pais sobre estas questões importantes”.
Embora as plataformas afirmem priorizar a segurança de crianças e jovens, denúncias recentes como o de Frances Haugen tornam essas medidas insuficientes aos danos causados. Em 2021, a ex-funcionária do Facebook afirmou que a empresa estava ciente de que as próprias plataformas eram prejudiciais a certos públicos, incluindo de adolescentes.
A queixa também destacou que entre 2009 a 2019, houve um aumento médio de 30% no número de alunos nas escolas públicas de Seattle que relataram sentir-se “tão tristes ou desesperançados quase todos os dias durante duas semanas ou mais seguidas que [eles] pararam de fazer algumas atividades habituais”.
Com informações Axios e GeekWire
Créditos: TecMasters