A história dos coelhos na Austrália é um dos maiores exemplos de má gestão da vida selvagem por parte do ser humano e, também, dos estragos que podem causar espécies invasoras em nossos ecossistemas.
Espécies invasoras são animais que entram em um ecossistema que não é deles e causam problemas Elas deslocam principalmente outras espécies de fauna e flora e ameaçam a saúde dos ecossistemas em que são introduzidas.
Introduzir coelhos na Austrália: uma má ideia
O coelho não era um animal nativo do continente australiano, portanto, alguém teve que levá-los para lá. Especificamente, no final do século 18, Thomas Austin soltou 24 coelhos naquele país, pois queria caçá-los em sua nova casa.
O coelho é um animal com uma enorme capacidade reprodutiva, e os poucos casais trazidos por Thomas se multiplicaram rapidamente. Com um cio a cada três semanas, uma gestação de um mês e ninhadas de até 14 coelhos, esse lagomorfo se reproduziu rapidamente na Austrália.
Então, alguns anos mais tarde, os coelhos começaram a arrasar pastagens australianas e áreas agrícolas, que causaram o deslocamento de muitas espécies e até mesmo a extinção de outras.
O consumo de forragem pelos 10 bilhões de coelhos que existiam em 1920 produziu erosão, desertificação e impactos na agricultura, cujo custo para a Austrália seria de 350 milhões de dólares por ano.
Soluções contra os coelhos na Austrália
O problema é que as soluções apropriadas para este problema não foram inicialmente levantadas. Uma das principais medidas adotadas na época foi a introdução de outra espécie invasora: a raposa vermelha.
A verdade é que esta medida se revelou um completo fracasso: o coelho continuou se multiplicando e as raposas também. Mas elas atacavam diferentes marsupiais, não acostumados à presença deste canídeo.
Além disso, a raposa começou a caçar especialmente os pássaros. A consequente diminuição das aves, que comiam os insetos, e o impacto dos coelhos, causaram uma enorme seca na década de 20, durante a qual milhares de coalas foram caçados, tanto pela fome como pelo fato de terem sido culpados pelo problema.
A guerra biológica contra coelhos na Austrália
Posteriormente, começaram a usar soluções como venenos, cercas e finalmente armas biológicas: os australianos decidiram espalhar uma das doenças mais perigosas para o coelho, a mixomatose.
A medida foi eficaz no início, e exterminou 5 milhões de coelhos. No entanto, os sobreviventes, mais resistentes à doença, tiveram uma descendência que herdou essas resistências e, então, a mixomatose acabou se tornando um simples resfriado.
O próximo passo foi usar outra das principais doenças que afetam o coelho, a doença hemorrágica viral. Experimentos iniciais foram feitos isoladamente em uma ilha, mas os mosquitos espalharam a doença. Mesmo assim, o efeito foi o desejado e 60% da população de coelhos deste país foi dizimada.
Recentemente, os australianos selecionaram e liberaram uma nova cepa dessa doença, que é considerada tão mortal quanto o Ebola e tão contagiosa quanto a gripe. Apesar de afetar apenas coelhos, as autoridades internacionais em saúde animal rejeitaram a medida como irresponsável.
Um exemplo do problema dos invasores
Até hoje, parece que as populações de coelhos foram reduzidas e a saúde de diversas populações de animais nativos melhorou. Como a redução funcionou, muitos acreditam que as medidas de conservação do governo australiano estão por trás dessa melhora.
No entanto, parece claro que os experimentos australianos mostram que a natureza não pode ser controlada, e até hoje teme-se que esses vírus sofram uma mutação na Austrália e até que cheguem à Europa.
De fato, as doenças que foram jogadas na Austrália são responsáveis pelo declínio das populações de coelhos na Espanha e, consequentemente, do lince ibérico, que viu sua presa principal quase desaparecer.
Portanto, o caso dos coelhos na Austrália mostra o perigo de trazer espécies de outros ecossistemas para espaços naturais, e alerta o ser humano a ser cuidadoso ao brincar de Deus com nossa fauna.
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