Meio Ambiente

Novas áreas protegidas são criadas na Amazônia e Caatinga

O Governo Federal oficializou, na última semana, a criação de três novas áreas protegidas brasileiras: a Reserva Extrativista (Resex) Baixo Rio Branco-Jauaperi, entre os Estados de Roraima e Amazonas, e o Refúgio de Vida Silvestre (Revis) e Área de Proteção Ambiental (Apa) da Ararinha Azul, no norte da Bahia. Os decretos de criação foram assinados pelo presidente da República.

De antemão, Mauricio Voivodic, diretor executivo do WWF-Brasil, celebrou a criação das novas áreas protegidas, lembrando o desafio de implementação e consolidação das áreas. “A assinatura dos decretos é o passo inicial importante. A partir de agora as áreas precisam ser efetivamente implementadas. O WWF-Brasil continuará dando apoio ao esforço para a consolidação das áreas protegidas, seu uso sustentável e a proteção da biodiversidade”, segundo Voivodic.

Objetivos das áreas protegidas

Com 581 mil hectares, a Resex fica nos municípios de Rorainópolis (RR) e Novo Airão (AM), na confluência dos rios Branco e Jauaperi. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, o principal motivo para a criação da reserva é proteger os estoques pesqueiros. Eles são essenciais para as comunidades tradicionais amazônicas que habitam aquele trecho da floresta. No entanto, enfrentam a ameaça da pesca predatória e comercial.

A Resex também ajudará a garantir a conservação e utilização sustentável pelas comunidades dos recursos florestais, entre eles açaí, buriti, pupunha, castanha, cupuaçu, bacaba e patuá. A reserva é vizinha da Terra Indígena Waimiri-Atroari.

Rio Branco-Jauaperi

A criação da Resex Rio Branco-Jauaperi é definitivamente uma reivindicação antiga. A mobilização teve início em 2001 por iniciativa das populações de comunidades como Santa Maria Velha, Vila da Cota, Remanso e Xixuaú. Nos anos seguintes, foram feitos diversos procedimentos e trabalhos técnicos para subsidiar a criação da unidade de conservação de uso sustentável. O processo chegou ao Governo Federal em 2006 e somente agora, enfim,  a unidade foi criada.

WWF-Brasil, junto a outras instituições ambientais, apoiou o levantamento de informações, realizando expedições científicas e viagens de imprensa. Enfim, ocorreram ainda audiências públicas na Câmara dos Deputados e no Ministério Público Federal. Além de uma série de cartas e pedidos de esclarecimentos enviados aos órgãos federais em Brasília à época.

A área da Resex registra grande diversidade de plantas, peixes e animais. Da mesma forma, açaí, andiroba, buriti, castanha-do-Brasil e taperebá são comuns, bem como o cipó e a massaranduba. Estudos indicam a presença de ao menos 42 espécies de mamíferos na região. Dez delas constam na lista oficial de mamíferos ameaçados de extinção no Brasil.

Animais típicos daquelas redondezas são a onça-parda, jaguatirica, tamanduá, peixe-boi e quelônios como o tracajá, irapuca e a tartaruga-da-Amazônia. Os peixes mais recorrentes são o jaraqui, pacu, acari, bodó-pintado, tucunaré, barbado e piranha.

Ararinha Azul

A criação de um Refúgio de Vida Silvestre (Revis), com cerca de 29 mil hectares, e uma Área de Proteção Ambiental (Apa), com aproximadamente 90 mil hectares, entre os municípios de Juazeiro e Curaçá tem o objetivo de proteger a área para um audacioso projeto de reintrodução na natureza da Ararinha Azul (Cyanopsitta spixii), uma ave exclusiva daquela região, que faz parte do bioma Caatinga.

O último exemplar vivo da espécie, um macho, desapareceu dali no ano 2.000. Em síntese, restam apenas 160 indivíduos, todos em cativeiro. A maioria vive em criadouros no Catar e na Alemanha. Logo, a ideia é reintroduzir a ararinha ao seu habitat natural em um esforço técnico e científico internacional.

A criação das duas áreas protegidas na região é o primeiro passo do plano. Posteriormente, prevê também a construção de um Centro de Reintrodução e Reprodução da Ararinha-Azul. De antemão será criado em Curaçá, onde vivia o último remanescente.