Hatch tem missões difíceis pela frente: substituir Punto e as versões mais caras do Palio e superar Onix e HB20 em vendas; descubra se a configuração vale a compra
por Michelle Ferreira
Depois de aposentar mais de cinco modelos, a Fiat agora aposta em novos projetos para reconquistar a liderança entre os carros mais vendidos do Brasil. O Argo faz parte desta fase. O mais novo hatch da montadora chega em sete versões. A mais promissora? A Drive com motor 1.3 flex de até 109 cv e 14,2 kgfm e câmbio manual de cinco velocidades, vendida por R$ 53.900. Depois de ficar uma semana em nossa garagem, descubra o que achamos da configuração.
Impressões gerais
Fabricado em Betim (MG), o Fiat Argo tem lanternas que invadem a tampa do porta-malas, enquanto os faróis espichados até os para-lamas lembram bastante a do Mobi. Já a traseira tem um quê de Alfa Romeo Giulietta com spoiler e o novo logo da montadora. O interior é, definitivamente, a melhor parte do modelo: o volante e o painel central dão a impressão do carro ser de um segmento superior. Como destaque, existem duas entradas USB, uma delas destina aos passageiros do banco traseiro. O acabamento é refinado, sem rebarbas ou peças mal encaixadas.
A cabine tem um misto de plástico rígido e texturizado e uma faixa cromada fosca que acompanha todo o painel. Outra novidade é a central multimídia Uconnect com 7 polegadas sensível ao toque, que nos faz lembrar o interior de alguns Mercedes, com três saídas de ar e uma tela posicionada no centro e no topo do painel. O sistema é compatível com Android Auto e Apple CarPlay, possui duas entradas USB e sistema de reconhecimento de voz. Apesar de ser intuitiva e de ter uma interface moderna, não possui GPS e as trocas de telas não são ágeis.
Se espaço interno é uma prioridade, você irá gostar do Argo. Com porte de Punto, o hatch tem 3,99 metros de comprimento e 2,52 metros de entre-eixos. O túnel central não é dos mais altos, ainda assim incomoda o passageiro central do banco de trás. O porta-malas tem bons 300 litros e deve apenas banco bipartido.
Impressões ao volante
A posição de dirigir do Fiat está entre a do Onix e a do HB20 – não é tão alta quanto a do Onix e nem tão baixa quanto a do HB20. O que merece nota negativa é a coluna de direção ajustável apenas em altura, ainda mais quando lembramos que o Argo 1.8 tem também regulagem de distância – algo oferecido entre os rivais apenas no Hyundai.
O Argo tem fôlego suficiente para encarar subidas íngremes e suspensão bem calibrada para enfrentar ruas cheias de buracos. Apesar de preservar o conforto de rodagem, a suspensão do Argo é mole demais – o que não deve ser sentido na versão esportiva HGT.
A despeito de ter disposição em baixa, o hatch já nasce desfalcado com o câmbio manual de cinco marchas. A 120 km/h, o giro do motor passa dos 3.500 rpm e o barulho começa a incomodar dentro da cabine. Quem já dirigiu um Fiat manual não irá estranhar: como de costume, a manopla tem engates bons e macios, mas é mole e tem o curso muito longo. Assim como na versão 1.0, a direção elétrica é bem leve e possui respostas rápidas. Em altas velocidades, fica rígida na medida.
A ausência do câmbio manual de seis velocidades, presentes nos adversários Onix e HB20, não permite que a média do consumo no trecho rodoviário seja boa. O Argo registrou 9,2 km/l no trecho urbano e 10,2 km/l no rodoviário, de acordo com o Conpet, o programa brasileiro de etiquetagem veicular do Inmetro.
Custo benefício
O Argo Drive 1.3 vem equipado com ar-condicionado, travas elétricas, vidros elétricos dianteiros com função um toque, direção elétrica progressiva, volante multifuncional com ajuste de altura, duas entradas USB, central multimídia Uconnect de 7 polegadas sensível ao toque com Android Auto e Apple CarPlay, Bluetooth e sistema de reconhecimento de voz, isofix, quadro de instrumentos de 3,5 polegadas com relógio digital, calendário e indicador de temperatura externa em TFT, rodas de aço 14 polegadas com calotas integrais e pneus verdes de baixa resistência a rolagem 175/65 R14, sistema Start&Stop, tomada 12V, computador de bordo e sistema de monitoramento de pressão dos pneus.
Existem três tipos de pacotes que acrescentam retrovisores elétricos com repetidores de seta, vidros elétricos traseiros, faróis de neblina, rodas de 15 polegadas, sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré. Aqui cabe uma puxada de orelha: os controles de tração e de estabilidade estão disponíveis só no 1.3 GSR (automatizado), algo estranho diante do fato de que até o Uno oferece as salvaguardas desde a versão 1.0.
Vale a pena?
Sim. O Fiat Argo tem bom acabamento, bom espaço interno e boa lista de itens de série, apesar de ficar devendo retrovisores e vidros traseiros elétricos. Vem de fábrica, em todas as versões, com isofix e cinto de três pontas e encosto de cabeça para todos os ocupantes. O desempenho é acertado – pena o câmbio manual não ter seis marchas, o que reduziria o giro do motor no trecho rodoviário. Esperavamos também por ESP e controle de tração em todas as versões, mesmo que oferecidos como opcionais.
Ficha Técnica 1.3 manual
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cil. em linha, 1.3, 8V, flex
Potência: 101 cv (G) a 6.000 rpm e 109 cv (E) a 6.250 rpm
Torque: 13,7 kgfm (G) a 3.500 rpm e 14,2 kgfm a 3.500 rpm
Câmbio: Manual de 5 marchas, tração dianteira
Direção: Elétrica
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: Discos (dianteira) e tambores (traseira)
Pneus: 175/65 R14
Comprimento: 3,99 metros
Largura: 1,72 m
Altura: 1,50 m
Entre-eixos: 2,52 m
Tanque: 48 litros
Porta-malas: 300 litros (fabricante)
Peso: 1.140 kg
Revisão (até 30 mil km): R$ 1.160
Cesta de peças: R$ 4.662,42
Média do seguro: R$1.663
Garantia: 3 anos
Créditos : Autos24h