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Sofreu com a enchente? o que fazer? confira:

Todo carro pode ser recuperado após passar por um alagamento, mas nem sempre o custo vale a pena

por Careca Auto-Peças

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Nesta época do ano, notícias sobre carros engolidos por enchentes são frequentes no noticiário. Mas o que fazer na prática quando se é surpreendido por um alagamento e não há como escapar? Segundo os especialistas, a boa notícia é que todo veículo tem como ser recuperado – mesmo os que ficaram completamente submersos ou invadidos por lama. O problema é saber quando vale a pena arcar com o serviço.

Os casos mais simples são aqueles em que a água entrou e só encharcou o assoalho, entrando pela porta, por exemplo. Na outra ponta, os mais complexos são os que foram atingidos com o motor em funcionamento, quando o motorista tentava atravessar um alagamento.

Nesse caso, é possível que o motorista tenha cometido um dos erros mais comuns, mas que é fatal, que é entrar rápido na água. Nessa hora o motor pode aspirar a água, provocando o calço hidráulico. O calço hidráulico ocorre quando a água entra nos cilindros e impede o curso total dos pistões, aumentando o esforço sobre os demais componentes e deformando-os.

Quanto mais componentes eletrônicos ao alcance da água, mais dor de cabeça o dono terá. O conserto de um automóvel recuperado varia entre 1.000 reais (preço de uma lavagem e higienização completa em razão de a água ter invadido o carpete) e 40.000 reais – no caso dos importados mais sofisticados, o céu é o limite.

Por que um preço tão salgado? Simples: há modelos com módulos eletrônicos que comandam várias funções. Alguns carros (importados de luxo, por exemplo) chegam a ter danificados três ou quatro módulos, ao preço de 10.000 a 20.000 reais cada um. O negócio é trocar. Fora toda a recuperação dos revestimentos.

Se seu carro foi atingido por uma enchente, a primeira pergunta a fazer é: até que ponto a água alcançou? Se foi só até o assoalho e o carro não é um modelo com muitos componentes eletrônicos (não tem câmbio automático ou acelerador by wire, sem cabo, por exemplo), o reparo é simples. No entanto, se ele tem câmbio automático ou muita eletrônica embarcada, prepare o bolso e faça as contas para saber que realmente vale a pena.

Após ser atingido por uma enchente, a primeira providência é ligar para a seguradora (se o veículo tiver seguro) ou levar a um mecânico, que vai avaliar o tamanho da encrenca. Mas faça isso logo. A experiência mostra que, quanto mais o carro fica parado, mais complicado e caro é o conserto. E a regra vale tanto para o modelo mais sofisticado como para o mais básico e antigo, como o caso de Nivalda Geralda de Farias, dona de um VW Passat da década de 70.

Ela foi surpreendida por uma chuva que fez com que seu carro ficasse submerso na garagem de casa. Quando a água baixou, o carro estava tomado pela lama. “Como não tenho seguro, vou ter de consertar por conta própria. Não sei nem por onde começar. Não consigo nem colocar a chave no contato”, afirma. De fato, além do bolso, é preciso preparar o espírito para ficar sem o carro durante um bom tempo – a recuperação de um alagado dura de uma semana a um mês.

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O serviço consiste em retirar tapetes, bancos e estofamentos e substituir o feltro que vai sob o carpete (nas situações mais simples), trocar toda a parte elétrica (nos casos medianos) ou mesmo o óleo do câmbio e os módulos eletrônicos (nos mais complicados). “Um conselho que a gente dá é sempre realizar esse tipo de reparo em uma oficina só e não em várias, para evitar que ele seja montado e remontado várias vezes”, afirma Gozzo.

Mesmo que o veículo tenha passado por uma bela enchente e aparentemente esteja tudo em ordem, é importante mandá-lo para uma oficina, para fazer um rápido check-up em motor e câmbio. “As consequências de uma enchente podem aparecer mais tarde, de forma bem mais grave, como a água se misturar ao óleo do câmbio, causando sua quebra no curto prazo”, diz Vinicius Losacco, da oficina Losacco.

Claro que estamos falando da recuperação de veículos que ainda têm conserto. No entanto, nesse período de chuvas tão comuns de dezembro a março, a incidência de perda total (quando o valor do conserto atinge ou supera 75% do preço do veículo) cresce 30% nas seguradoras. A boa notícia é que praticamente todas as apólices cobrem danos por enchente.

Também é raríssimo a seguradora negar a se pagar sinistros desse tipo, o que só pode ocorrer se for configurado o chamado agravamento de risco, situação em que o motorista sabia que não podia passar e mesmo assim tentou, como ocorre em praias, por exemplo. Mas na prática isso é muito difícil de provar quando o carro alaga num rua de trânsito comum.

E como descobrir se houve perda total? Para saber isso, só avaliando para verificar se o conserto vai custar pelo menos 75% do valor do bem. No mercado, no entanto, fala-se que a perda total pode ser decretada no momento em que o painel de instrumentos é atingido. Quando isso ocorre, é porque componentes bem mais sensíveis já foram afetados.

COMO CHEGAR DO OUTRO LADO

Se você foi surpreendido por um alagamento, recomenda-se fazer meia volta e fugir. Mas, na prática, nem sempre é possível. Veja o que fazer nesses casos:

  • O limite para atravessar um alagamento é quando a água está no máximo até metade da roda.
  • Durante a travessia, mantenha a primeira marcha e o motor sempre cheio. Dose o pé esquerdo na embreagem, para que o carro não peça segunda marcha, e tente manter a rotação em uma faixa fixa.
  • Nunca entre correndo na água. Isso pode formar uma onda sobre a frente do veículo, que pode invadir a entrada de ar do motor e causar calço hidráulico.
  • Caso não conheça a via, não atravesse, pois ela pode conter buracos e outros obstáculos encobertos pela água.
  • Se a água subir muito rapidamente, procure um local mais alto, desligue o carro e vá embora.
  • Nunca tente dar a partida se o carro morrer dentro d’água, pois o motor pode aspirar água e ser danificado.

 

Fonte: QuatroRodas

Créditos : Autos24h