Quase duas semanas após a tragédia de Mariana (MG) o rastro de destruição continua a se espalhar pelo Brasil. O Rio Doce, que corta os estados de Minas Gerais e Espírito Santo, foi um dos mais afetados pelo desastre. A lama liberada no rompimento das barragens foi levada pela correnteza do rio e ocasionou mortes, contaminação, poluição e perda da biodiversidade.
Este é considerado um dos piores desastres ambientais já registrados no Brasil. As autoridades ainda nem conseguiram mensurar a dimensão dos estragos ou estimar quanto tempo será necessário para recuperar tudo o que foi perdido.
Algumas ações já têm sido colocadas em prática por iniciativa da própria sociedade civil. Além das coletas de donativos em projetos pontuais espalhados por todo o país, também existem grupos empenhados em proteger a biodiversidade e tentar salvar espécies que estão sendo ameaçadas.
Prevenção e proteção de espécies
Um dos exemplos é a operação Arca de Noé, que deve continuar até terça-feira (17). Com a ajuda de biólogos, pescadores, ONGs, Ibama e a própria comunidade local, a iniciativa trabalha na retirada de animais que estão em áreas do Rio Doce que ainda não foram atingidas pela lama. São mais de 50 embarcações envolvidas na ação.
Os animais retirados através desta frente de trabalho serão levados a lagoas da região, com o intuito de evitar que mais exemplares sejam mortos, como tem ocorrido em áreas do rio já afetadas pela grande quantidade de lama.
Recuperação ambiental
Outra iniciativa já apresentada oficialmente vem do renomado fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado. Desde a década de 90 ele e sua esposa têm trabalho em projetos de recuperação ambiental na área do Rio Doce. Diante da tragédia, o fotógrafo entregou diretamente à presidente Dilma Rousseff um planto de recuperação florestal para conseguir proteger as nascentes da região.
Em entrevista ao Estadão, Salgado explicou que o Rio Doce conta com 337 mil nascentes, todas elas precisam de atenção para que o desastre não seja ainda pior. O fotógrafo apresentou um plano para a captação de fundos, com o intuito de construir estruturas de saneamento básico e plantar árvores para manter e recuperar a mata ciliar nos arredores das nascentes. Segundo ele, mesmo com esse projeto, ainda seriam necessários de 15 a 20 anos até que a área fosse recuperada.
Apesar de contar com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) em seus projetos florestais já aplicados, Salgado acredita que os custos agora devem ser bancados pelas próprias empresas envolvidas no desastre. Ele citou como exemplo o vazamento de óleo no Golfo do México, quando a companhia British Petroleum teve que arcar com multas de mais de US$ 20 bilhões.
Fonte: CicloVivo