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Surfista de Fortaleza faz arte com resíduos eletrônicos

Uma onda que arrebentou numa praia de Fortaleza em 2005 transformou o surfista Franklin Almeida, de 43 anos, num grande artista amigo do meio ambiente. A partir do lixo eletrônico, restos de materiais de construções e diversos resíduos encontrados na beira da praia e nas ruas da cidade, o surfista faz suas criações artísticas com o objetivo de mostrar às pessoas que preservar o planeta pode resultar numa tarefa muito inspiradora.

Mouses, teclados, tomadas: a lista de materiais aproveitados por Franklin é bem extensa. Com seu trabalho de conscientização, o artista dá vida nova aos resíduos que expõem o meio ambiente a diversos perigos. “O eletrônico é onde se concentram os metais mais pesados, e seu desgaste no meio ambiente tem uma ação devastadora. A ideia é demonstrar outro olhar através da arte e despertar o sentimento de preservação do planeta nas pessoas”, revela o surfista, que coloca arte em quase tudo que vê pelo chão, como cartões sem serventia, pedaços de canos, jornais e sacolas plásticas.

Em entrevista ao CicloVivo, Franklin contou que é ele mesmo quem corre atrás dos resíduos antes de adaptá-los. Embora pareça uma tarefa simples, o artista diz que, são tantos objetos, que, às vezes, falta espaço para armazená-los. “Com o crescimento desenfreado dos dispositivos eletrônicos, há uma demanda enorme de descarte deste tipo de resíduo. E o Brasil ainda não tem uma política bem definida para estes materiais”, afirma.

Apostando no potencial dos resíduos, na criatividade e na sua relação com a natureza, o surfista montou seu próprio negócio, chamado Maré Verde, em que comercializa os produtos que ganharam vida após serem jogados no lixo. “O surfe e a natação no mar me tornaram mais próximo do planeta. Eu quero ver o meu local de lazer preservado. Aí, o pontapé surgiu do mar e veio para a terra, por isso tem o nome de Maré Verde”, explica.


A maioria dos disquetes foi parar no lixo. Por que não reinventá-los? | Foto: Divulgação

Entre as adversidades que encontra em sua carreira, o preconceito com os reutilizáveis aparece no topo da lista. “Muitas pessoas ainda acham que a reciclagem é algo barato, que não tem valor”, explica Franklin, que também diz ser impossível transformar em arte um volume expressivo de resíduos. Assim, em palavras diretas, o artista resume o significado de lixo. “É algo que espera por um olhar diferenciado”, finaliza.

Por Gabriel Felix – Redação CicloVivo

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