A neoplasia cardíaca em cães é uma doença pouco comum, representando menos de 0,2% dos diagnósticos de tumores caninos. No entanto, as neoplasias são a causa mais frequente de derrames pericárdicos em nossos animais de estimação.
A seguir, explicaremos o que são as neoplasias e como afetam a vida de nossos melhores amigos.
Neoplasias: definição e causas
A medicina utiliza o termo neoplasia para denominar qualquer massa anormal que se forma em diferentes tecidos. Esta anomalia se origina pela multiplicação descontrolada e com ritmo acelerado de determinadas células.
Uma neoplasia pode ser benigna ou maligna, igual a um tumor. As neoplasias benignas têm efeito local e limitado, sendo normalmente retiradas por meio de cirurgia. As neoplasias malignas, por outro lado, se comportam de forma agressiva e se disseminam para outros tecidos e órgãos.
A terminologia médica utiliza neoplasia maligna como um sinônimo de câncer e “massa” como substituto para “tumor”. No entanto, casos de metástases derivadas de neoplasias cardíacas são muito raros na bibliografia veterinária.
O que é a neoplasia cardíaca em cães?
A neoplasia cardíaca em cães designa diferentes transtornos que levam à formação de massas anormais nas estruturas cardíacas, que também podem alterar os vasos sanguíneos e o pericárdio. As consequências variam segundo o tipo (maligno ou benigno), o tamanho e a localização dos tumores. Além disso, são determinantes as coletas das fibroses pericárdicas.
Enquanto pequenas protuberâncias podem ser assintomáticas, grandes massas podem gerar intensa compressão dos vasos sanguíneos e cavidades cardíacas. Em casos mais graves, o derrame pericárdico pode causar a morte do animal.
Derrame pericárdico: definição e características
O quadro mais preocupante de uma neoplasia cardíaca em cães se caracteriza pela evolução até um derrame pericárdico. O pericárdio, em humanos, cães e gatos, é uma membrana fina e translúcida que envolve a base do coração. Esta estrutura cardíaca forma uma espécie de saco e desempenha uma função protetora.
O “saco”, quando se encontra num estado saudável, contém entre dois e dez mililitros de um líquido lubrificante. Se um derrame pericárdico ocorre, esse líquido se acumula anormalmente no saco pericárdico, o que gera uma alta pressão interna. Com tudo isso, ocorre uma compressão aguda ou um tamponamento do coração e, consequentemente, diante da dificuldade ou impossibilidade do fluxo sanguíneo, o animal pode morrer.
Tipos de neoplasia cardíaca em cães
– Hemangiossarcoma
Acontece quando as massas se desenvolvem na parte direita do coração. Elas podem estar localizadas na parede do átrio direito, na aurícula direita ou na união entre o átrio e o ventrículo direito. É muito comum que o hemangiossarcoma se estenda ao espaço pericárdico, o que acaba produzindo uma fibrose. Além disso, pode impedir o fluxo sanguíneo de chegar ao ventrículo direito.
– Neoplasia de base cardíaca
É caracterizada por grandes massas formadas por células quimiodectomas ou quimiorreceptoras. Elas geralmente se desenvolvem na raiz da aorta, assim como nas estruturas periféricas, gerando uma fibrose líquida. Essa neoplasia é mais frequente em cães machos de raças braquicefálicas.
– Mesotelioma
O mesotelioma é uma neoplasia de tipo difuso, podendo provocar fibroses periféricas ou pleurais. Ela afeta normalmente cães de tamanho pequeno e médio e seu diagnóstico requer biópsia e toracotomia, já que as massas produzidas não podem ser vistas numa ecocardiografia. Além disso, a análise citológica geralmente detecta pouco, pois é complexo diferenciar as células reativas.
Prognóstico e tratamento da neoplasia cardíaca em cães
O prognóstico e o tratamento dependem do tipo, da evolução da neoplasia e do quadro de saúde do cão. Um hemangiossarcoma, por exemplo, geralmente é muito agressivo e se expande rapidamente a outros tecidos. Na verdade, a maioria dos casos de metástases derivam deste tipo de neoplasia.
Portanto, o diagnóstico precoce é determinante para a sobrevivência do animal, pois ele poderá iniciar rapidamente a quimioterapia. Em casos avançados, o tratamento químico geralmente é pouco efetivo e analgésicos fortes podem ser aplicados para aliviar a dor do animal.
Condições leves
Os mesoteliomas se desenvolvem mais lentamente e o risco de derrame geralmente é menor. Por isso, o tratamento busca absorver o excesso de líquido para evitar o tamponamento e o derrame cardíaco. Normalmente, são aplicadas pericardiectomias para facilitar a absorção através da superfície pleural.
A neoplasia cardíaca em cães de base aórtica é a menos agressiva e dificilmente apresenta risco de metástase. Geralmente, não pode ser retirada por intervenção cirúrgica devido a sua localização. Porém, a pericardiectomia pode ser eficaz para estender a expectativa de vida do animal em mais de 700 dias.
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