A música pop nunca foi tão criativa e valorizada no Brasil como nos tempos atuais. Com uma diversidade e repertório convincente para a maioria dos amantes da música, o país começa a desenvolver artistas com apoio e fã base suficientes para lotar festivais e arenas em grande parte do território nacional.
Nas últimas décadas, a valorização ao artista brasileiro se pautou nos “bons costumes”, até que o funk chegou para quebrar tabus e criar uma identidade nacional da música cada vez mais forte. No entanto, grande parte da música que desceu os morros do Rio de Janeiro e de outras favelas do país contavam com letras chulas e notoriamente desrespeitosas para com mulheres.
Porém, como tudo se adapta, o funk também ganhou uma nova roupagem. Entendeu-se que não é preciso falar de situações sexuais – muitas vezes agressivas – para ganhar destaque nacional. Por sua vez, o funk conquistou muitos adeptos, principalmente com Anitta, que fez uma junção de funk com pop, rap e criou uma gostosa sensação de que a música brasileira se transformou em uma grande indústria que todos nós queríamos; com ampla pluralidade, artistas e uma gama impecável de ritmos.
Nesse meio termo de reconstrução da identidade do funk (que felizmente não perdeu sua sensualidade), começaram a surgir também as novas músicas Pop. É exatamente nesse ponto que queríamos chegar; IZA.
Em meio ao caos político, o Brasil continua progressista. Por mais que muitos descordem, o emponderamento feminino veio para ficar. O que me fez escrever essa análise, é o fato de que IZA é símbolo mais brilhante desse emponderamento. Ela constrói sua arte e apresenta aos brasileiros a melhor versão de si mesma. Dona de Mim é um exemplo claro.
A qualidade vocal, o carisma e o esforço em apresentar sua história e a história de outras pessoas – como já fez utilizando toques de sons de matriz africana e contextualização histórica -, IZA representa uma parcela da população e cria um vínculo entre seus fãs como alguém que aparentemente já nasceu para isso.
Iza e o Palco Mundo do Rock in Rio 2019
O sucesso de IZA prossegue de forma avassaladora. A cantora já se apresentou no Rock in Rio 2017. No entanto, a participação foi tímida, visto que houve pouco tempo para mostrar seu repertório, embora tenha sido suficiente para aquele tempo, onde a cantora ainda não tinha um álbum lançado. IZA encantou no palco Sunset, juntamente com CeeLo Green – compositor e produtor estadunidense. Juntos, performaram Earth Song, Michael Jackson.
A platéia, por sua vez, levantou gritos e suspiros com a voz incessante de IZA.
No ano que vem, o Rock in Rio 2019 acontece no Parque Olímpico do Rio de Janeiro. Muito provavelmente, serão esperadas 100 mil pessoas por dia, assim como em 2017. Pensando nisso, acreditamos que IZA pode fomentar grande parte desse público e tem nome para se apresentar no respeitado Palco Mundo.
O maior sucesso da cantora, “Pesadão”, com a nobre participação de Marcelo Falcão (vocalista do grupo O Rappa) tem cerca de 184 milhões de visualizações no Youtube em pouco mais de um ano desde que foi lançado. “Ginga“, um dos sucessos mais recentes de IZA, já alcançou, desde março deste ano, 42 milhões de visualizações.
Com esses e outros números em tão pouco tempo de carreira, IZA conquistou uma série de fãs que valorizam sua arte e seu lado humano em prol do feminismo e igualdade racial. É uma excelente aposta para um dos dias Pop do Rock in Rio.
A cantora IZA
Isabela Cristina Corrêa Lima nasceu no Rio de Janeiro. IZA, nome artístico e como é popularmente conhecida, cresceu no subúrbio carioca, morou no Nordeste e já revelou sofrer bullyng por ser uma garota negra.
Hoje, aquela garota que cresceu e teve de suportar o racismo na escola e em vários meios sociais, é formada em Publicidade e Propaganda na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
Nessa perspectiva, podemos imaginar o quanto o coração da jovem cantora lida com as minorias. No clipe “Dona de mim”, IZA faz claras referências socioculturais do Brasil, como a menção ao Quilombo dos Palmares e o fato de que o país tem 55% de sua população negra.
– Artigo de opinião do autor.
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