Quatro anos de emissões atuais seriam suficientes para acabar com o que restou do orçamento de carbono para termos uma boa chance de manter o aumento da temperatura global em até 1.5º C. Essa é a conclusão da análise divulgada na última quarta-feira (5) pelo site britânico Carbon Brief, que atualizou os orçamentos de carbono do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) com a inclusão das emissões globais de CO2 em 2016.
O IPCC apresentou no passado estimativas da quantidade de CO2 que podemos emitir e ainda manter o aumento da temperatura média global para não mais de 1,5º C, 2º C ou 3º C acima dos níveis pré-industriais. Estes índices são conhecidos como orçamentos de carbono. Agora que os dados provisórios de emissões estão disponíveis para 2016, podemos ver como os orçamentos estão após mais um ano de emissões.
Para cada limite de temperatura há três orçamentos, cada um correspondendo a uma probabilidade diferente de ficar abaixo desse limite: 66%, 50% e 33%. Estritamente falando, estas não são probabilidades, mas a proporção de todas as simulações do modelo que se mantêm aquecendo abaixo desse limite de temperatura.
De acordo com o coordenador do programa Mudanças Climáticas e Energia do WWF-Brasil, André Nahur, a análise demonstra, mais uma vez, a urgência de diminuir as emissões globais de gases de efeito estufa. Apesar das emissões terem se mantido as mesmas nos últimos três anos, se seguirmos a atual taxa de emissões, a maior probabilidade (66%) é de que tenhamos apenas quatro anos e um mês restantes para o orçamento de 1,5º C.
“Chegamos em 2017 com o relógio do aumento da temperatura cada vez mais apertado. Precisamos acelerar a implementação do Acordo de Paris, senão o mundo corre o risco de chegar em 2021, o primeiro ano do acordo, com a meta de 1,5º C já vencida”, comenta Nahur se referindo ao objetivo do Acordo de manter o aumento de temperatura em 2º C, com esforços para que não ultrapasse o 1.5º C.
A implementação do Acordo de Paris no Brasil e no Mundo e a redução de emissões foram tema de Audiência Pública no Senado, diante das últimas medidas adotadas pelos governos nacionais. A segunda reunião da Comissão Mista de Mudanças Climáticas tratou de questões envolvendo o cenário nacional e internacional, além de discutir as perspectivas para a COP23 em Bonn, na Alemanha.
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