Quem defende essa ideia é Rodolfo Henrique Fischer, o homem que quer inaugurar quatro novos “parques acessíveis” por ano em várias cidades do país. O primeiro será inaugurado no próximo sábado (25), em São Paulo (no dia do aniversário da cidade), em homenagem a Anna Laura, sua filha.
Recomeço
Rudi, como Fischer é conhecido, era um trabalhador do mercado financeiro que havia decidido passar mais tempo com a família quando foi surpreendido por uma grande perda – Anna Laura, filha dele com a psicóloga Claudia Petlik, sofreu um acidente e faleceu aos três anos de idade.
“Estávamos com uma viagem marcada para Israel, para um evento de família, e decidimos mantê-la mesmo depois do acontecido”, lembra o pai. “Lá, conhecemos uma associação que tinha o objetivo de integrar comunidades de religiões diferentes e que tinha um pequeno parque com um único brinquedo inclusivo no meio. Achamos fantástico e pensamos em trazer essa ideia para o Brasil”.
Aqui, a ideia ganhou a forma de uma homenagem a Anna Laura. Foi crescendo, evoluindo e ganhando apoiadores. Graças a parcerias pontuais, o primeiro parque do projeto “ALPAPATO, Anna Laura Parques Para Todos” já está pronto. O objetivo é que mais quatro sejam construídos por ano em várias cidades que tenham a demanda de locais acessíveis de lazer – todos abertos ao público.
O projeto traz consigo algo definido por seus criadores como um “novo conceito de acessibilidade”. Não se trata de inclusão, mas de integração. “O parque é para todos e pode ser aproveitado tanto por crianças com deficiência como por crianças sem deficiência”, explica Rudi. “Temos ainda a intenção de transformá-los em polos de atividades culturais e esportivas para pessoas com deficiência.”
Terapia
Quem financia tudo é o próprio Rudi. “Tudo que foi preciso pagar eu paguei, mas só porque contei com a ajuda de um grupo muito especial de apoiadores”, conta. “Cada pessoa contribui como pode, com serviços, ideias, trabalho manual ou até abrindo mão de lucros por acreditar no projeto. É um prazer.”
Rudi e Claudia ainda têm outros planos para o futuro. Além dos parques, um livro sobre Anna Laura e a mudança de vida de seus pais, uma biblioteca e uma ONG para auxiliar pais em luto são projetos que podem aparecer. “Para mim esses projetos são uma terapia. Tudo que fazemos é em nome da Anna Laura.”, confessa Rudi. “Passar por uma perda tão grande nos faz repensar toda a nossa vida. Cada um lida de um jeito com isso, mas quem sabe não podemos ajudar outras pessoas?”, conclui.
O primeiro parque fica na unidade AACD localizada dentro do Parque da Mooca. Ele será aberto ao público de segunda a sexta, provavelmente das 13h às 17h – a GCM, Guarda Civil Metropolitana, ainda vai confirmar os horários. O próximo deve ser no Parque do Cordeiro, na zona sul. E, para Rudi e Claudia, que está grávida, é só o começo.