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Boto cor-de-rosa é usado como isca na bacia Amazônica

O boto cor-de-rosa é uma forte figura no folclore brasileiro. As lendas sobre o mamífero são conhecidas por todo o país, mas ganham mais força na região Amazônica, onde esses animais são encontrados. No entanto, essa mesma região está marcada por pescas predatórias, que ameaçam os botos de extinção.

A antiga lenda brasileira diz que os botos seduziam e engravidavam as mulheres da região e também eram responsáveis pelo sumiço de algumas pessoas. O mito, que ainda persiste em alguns locais, por tradições antigas que foram passando de geração em geração, tem sido ofuscado por outro problema: o uso do mamífero para a pesca de um peixe específico, o piracatinga.

Segundo pescadores e moradores da região, a prática consiste em usar partes do boto para atrair o peixe, que é comercializado, principalmente, em cidades colombianas. O uso do animal como isca é intensificado pelo fato de que muitos pescadores os têm como inimigo, alegando que os botos estragam as redes e comem os peixes.

Em declaração ao jornal norte-americano New York Times, o biólogo portugês Miguel Miguéis, explica que há dois anos foram registrados 250 botos na região do Pará. Neste ano, porém, apenas 50 animais foram encontrados até agora. Segundo ele, a prática de abate dos botos é intensificada pela falta de legislações e fiscalização. “Não há autoridade nesse lugar”, acrescenta o biólogo, que trabalha para tentar reverter essa realidade e impedir que esses mamíferos sejam extintos.

Os moradores, por outro lado, alegam que apelar para essa prática é uma das poucas chances que eles têm de conseguir renda e alimento. Mas, Miguéis explica que a substituição da carne do boto pela do porco resulta em uma isca muito eficiente e que essa poderia ser uma alternativa para impedir o abate dessa espécie que está à beira da extinção.

A piracatinga, peixe comercializado através da relação entre os pescadores da bacia Amazônica e a Colômbia, é muito apreciado pelos colombianos, principalmente em mercados de Bogotá. Porém, como explica Fernando Trujillo, da Fundação Omacha, “O consumidor não tem ideia do que está comprando e comendo”, por não conhecerem todo o processo ocorrido desde a pesca até que o peixe, que recebe outro nome, chegue ao consumidor final. Com informações do New York Times e G1.

Redação CicloVivo

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