O Google atingiu a marca de um quarto de século, completando 25 anos nesta quarta-feira (27). Como uma das empresas mais famosas da internet moderna, a gigante de Mountain View passou por várias situações boas e ruins, introduzindo vários produtos no mercado. Alguns, inclusive, ditaram não apenas muito faturamento à empresa, mas estabeleceram parâmetros para toda a indústria.
A página da empresa no Instagram tem uma série de postagens celebrando a data comemorativa e também com algumas perguntas de conhecimento do Google para você se divertir, mas logo abaixo a gente mostra algumas das coisas que a companhia criou e que talvez você não se lembre.
Três grandes ideias do Google que deram muito certo
Android
Ok, tecnicamente, o Android não é “do Google”, mas sim de um consórcio internacional de várias empresas. Entretanto, a parte mais conhecida do maior sistema operacional para smartphones do mundo é primariamente mantida pela empresa de Mountain View. Hoje, segundo o Statista, o Android detém 70,8% do mercado de smartphones e tablets.
Inicialmente lançado em setembro de 2008, o sistema operacional nasceu como uma forma de competir com o iOS da Apple. Com a vantagem de ter nascido alguns meses antes, a “Maçã” de Cupertino tinha o benefício de ter uma plataforma exclusiva apta para criar um ecossistema completo.
Nisso, o Google optou pela distribuição disseminada: ao invés de criar algo proprietário (o que, eventualmente, a empresa faria com o Pixel), o Google escolheu espalhar o Android por várias fabricantes concorrentes. Hoje, a natureza open source do sistema permite que cada fabricante crie a sua própria interface – realme UI, OneUI são algumas das mais conhecidas – mas todas contam com o Google e seus apps para alavancar a experiência de usuário.
Google Search
É, essa é uma escolha bem óbvia. A gente admite o atalho, mas convenhamos: hoje, a expressão “dar um Google”, “joga no Google” e similares viraram ao mesmo tempo uma fonte de informação irrestrita e um meme perene.
O fato é que, para o bem ou para o mal, o buscador do Google é a fonte primária de pesquisa na internet – e considerando a vida conectada que vivemos hoje em dia, é praticamente impossível que a gente faça qualquer tipo de busca que não envolva a ferramenta de Mountain View.
Há também que se considerar o fato do buscador ser integrado a todos os outros sistemas da empresa: de smartphones Android ao Bard e passando pela listagem de perfis e publicações em redes sociais, o Google Search está por todos os lados. E falando em integrar…
Google Bard
CALMA! A gente sabe que o Bard teve um péssimo começo, que as práticas do Google em inteligência artificial (IA) são questionáveis e que, para todos os efeitos, ele ainda está bem atrás do concorrente ChatGPT da OpenAI.
Mas apesar do seu lançamento atrapalhado em março deste ano, o Bard vem recuperando expectativas graças ao Google integrando-o aos seus sistemas mais evidentes: a empresa já levou a ferramenta de IA ao Lens, e hoje, basta apenas o upload de uma imagem para que ela lhe entregue todas as informações encontráveis sobre o que você busca.
Há também conversas de levar o Bard ao Gmail e ao Google Drive, o que inclui também as ferramentas de escritório (Docs, Sheets, Slides etc.), o que deve ampliar a gama de atuação da IA tal qual o Google fez com o Android.
Três ideias que o Google achou que eram grandes (mas deram bem errado)
Google Wave
Um produto que pouca gente lembra, mas que chegou a atrair muita atenção em seu pré-lançamento foi o Wave – essencialmente, a resposta do Google para o Twitter. Ou, pelo menos, foi assim que o público entendeu de início.
A verdade é que o Wave era uma coisa difícil de explicar: nos termos técnicos divulgados em 2009 – ano de lançamento –, ele era “uma plataforma web e protocolo de comunicação desenhado para mesclar funções essenciais de comunicações como e-mail, mensagens instantâneas e redes sociais”. Na prática, era uma ferramenta de microblogging, mas mais voltada ao mercado corporativo.
E o fato de ele ser tanto foi justamente o que levou à sua ruína: apesar da atenção inicial, os milhões de usuários que acessaram sua primeira versão não eram bem o público-alvo, e rapidamente as pessoas que estavam na plataforma a abandonaram após não saber bem o que fazer com ela.
Ao final de tudo, o hype do Wave esfriou, e o projeto foi levado à Apache depois de alguns anos. Em 2018, a própria Apache abandonou a ideia, que nunca deixou o status de “incubadora”.
Google Glass
Antes da Oculus (e futuramente, Meta), HTC e a própria Sony investirem forte em dispositivos de realidade virtual e aumentada, o Google – por meio de sua divisão de pesquisas X Corporation – desenvolveu o Glass, um óculos dotado de conexão à internet que funcionava por meio de interação gestual e comandos de voz, exibindo essas interações na lente.
O produto tinha alta promessa em uma era onde o assunto ainda engatinhava: um protótipo chegou a ser vendido para alguns consumidores cadastrados e aprovados pelo Google, por US$ 1,5 mil (R$ 7.602), mas a presença de uma câmera de 5 megapixels (MP) e capacidade de gravação de vídeo em 720p de resolução começou a esquentar preocupações sobre violações de privacidade.
Rapidamente, a impressão de produto inovador do Glass foi substituída por receios comerciais e o projeto acabou cancelado em janeiro de 2015. Duas versões corporativas muito revisadas chegaram a aparecer depois, mas em março deste ano, elas foram definitivamente suspensas.
Google Stadia
É, esse já era bem esperado: o “console de cloud gaming” do Google travou uma dura batalha e chegou até a colecionar algumas vitórias, mas ao final de tudo, ele acabou fracassando. E a queda foi retumbante.
Inicialmente, o projeto contou com muita pompa em sua divulgação: o Google tirou Jade Raymond – conhecida, entre outras coisas, por ter criado a franquia Assassin’s Creed, da Electronic Arts para ser a sua nova vice-presidente de games. Phil Harrison, ele próprio um veterano dos jogos, liderava a divisão.
O Stadia teve um início promissor, assegurando parcerias bem fortes com Ubisoft e várias outras companhias do setor. Entretanto, seu lançamento em 2019 revelou um produto problemático: o catálogo de jogos não era tão grande quanto a chefia fez parecer, e a forma pela qual o conteúdo seria atualizado era confusa na melhor das hipóteses.
Assim, em meio a muitas promessas de sustentação do projeto (incluindo uma do próprio Harrison, que comunicou o fechamento dos estúdios internos de desenvolvimento e assegurou que o console seguiria em frente, apenas para “matá-lo” um mês depois), o Stadia tornou-se inviável tanto economicamente como tecnicamente, morrendo em janeiro deste ano. Raymond e Harrison, aliás, também deixaram o Google.
Créditos: TecMasters