Negócios

Trabalhar? Sim! Sofrer para fazer os outros ricos? NÃO! por Alexandre Pellaes

As 8 pessoas mais ricas do mundo possuem a mesma quantidade de dinheiro que as 3.600.000.000 (três bilhões e seiscentos milhões) de pessoas com menor riqueza no planeta.
São 8 homens. São 8 brancos.

Bill Gates, da Microsoft;

Amancio Ortega, da Inditex (é o dono da Zara);

Warren Buffett, investidor super sênior, acionista e diretor da Berkshire Hathaway;

Carlos Slim, o rei Midas do México, proprietário do Grupo Carso;

Jeff Bezos, da Amazon.com;

Mark Zuckerberg, meu bro Markinho do Facebook;

Larry Ellison, co-fundador da Oracle;

Michael Bloomberg, da agência de informações Bloomberg e ex-prefeito de Nova York.

A situação pode ser analisada por diversas perspectivas e, certamente, haverá múltiplos ensaios e estudos a respeito. Todos terão um ponto em comum.

O choque!

A verdade escancarada. O fato de que nós temos sido usados por anos e anos para fazer os outros mais ricos. Com o incentivo e criação de novas necessidades, com nossa resposta por meio do consumo, com muita especulação, e (atenção!) com nosso Trabalho.

Ai! Agora pegou!!

Por décadas, a estrutura das organizações atendeu a um propósito principal: maximizar o retorno aos acionistas. As estratégias foram desenhadas, os recursos foram gerenciados e os profissionais foram contratados e organizados pensando nessa missão. Lucro. Retorno. Grana.

E, por décadas e décadas, os trabalhadores toparam jogar esse jogo. Um emprego possível, seguro, estável, financeiramente enriquecedor, desafiador, carreira bem-sucedida, felicidade individual e satisfação pessoal. Cada um desses itens representou, em seu momento, o desejo de uma determinada geração de trabalhadores. Baby Boomers, X, Y, Millenials, Z….

No entanto, hoje, existe um vazio nas pessoas que percebem que seu Trabalho tem a principal função de enriquecer outras (poucas) pessoas. Não conheço ninguém que se sinta motivado a produzir para que um acionista possa comprar um jatinho. (#sarcasmo, nenhuma empresa oferece essa missão, mas há vários acionistas com jatinho, sim). Algumas pessoas se sentem bastante motivadas a tentar comprar seus próprios bens, mas levanta a mão aí quem acha que realmente está ganhando o quanto merece!!

Você acorda sem motivação, mas sem escolha. Tem que ir. Você produz sem empolgação, mas sem escolha. Tem que entregar. Você faz sem concordar, mas sem escolha. Tem que obedecer.

Tem mesmo? Tudo isso? Assim mesmo?

Empresas, atenção! Eu sei que vocês estão perdendo pessoas talentosas porque não compreendem o que eles estão tentando dizer. Líderes, RHs, Deuses do Olimpo (aquele andar da presidência), um pouco de empatia!!

Além do problema da estrutura e organização do Trabalho, ter chefe ou não ter, conquistar um cargo de destaque, trabalhar muitas horas etc., um desafio maior ocupa a cabeça e o coração das pessoas. O PROPÓSITO.

Para aguçar essa reflexão, eu proponho duas perguntas:

1 – Por que você trabalha?

2 – Para que você trabalha?

A primeira pergunta refere-se ao significado do Trabalho. Será que se não fosse pelo dinheiro (que é a primeira resposta para 94.68% das pessoas), você se manteria ativo, produtivo, trabalhando? (Não confunda ter emprego com Trabalho! Emprego é uma – entre muitas possíveis – relações de Trabalho). Por que? O que o seu Trabalho, sua produção, sua obra, representam pra você? Você consegue compreender que, por meio da sua ação de Trabalho, você se torna uma pessoa diferente? Como você se sentiu e como se sente quando alguém elogia (honestamente) o seu Trabalho e sua capacidade?

A segunda pergunta está relacionada ao legado e ao impacto que você quer causar. Pra que você trabalha? Sua energia produtiva, sua individualidade criativa e sua ação estão atendendo a qual propósito? O seu Trabalho tem um papel de servir algum grupo, organização ou uma necessidade do mundo? Você tem orgulho do que o seu Trabalho gera?

A resposta à primeira pergunta é o que te fará continuar.

A resposta à segunda pergunta é o que te ajudará a escolher em quais iniciativas você deve se envolver.

E para nenhuma pergunta tem resposta certa. Cada um encontra e interpreta sua própria realidade.

Nós aceitamos e compreendemos cada vez mais o papel do Trabalho. A necessidade individual e psicológica de produzir. Já evoluímos daquele tempo em que o único sonho era ganhar na Megasena. Agora, ainda aceitaremos felizes a Megasena, mas continuaremos trabalhando. No que escolhermos. No que encontrarmos conexão e significado.

Trabalhar? Sim! Sofrer para fazer os outros mais ricos? Não!!!!!!

O que não vale é ignorar. Escolher a alienação como estratégia de não sofrimento. Porque isso é morrer um pouquinho. Isso é apagar sua capacidade de ajudar as pessoas com o seu próprio brilho (que tá aí dentro, sim senhor e sim senhora!).

Tampouco vale bancar o revoltado. O do contra. O que sai do jogo e só reclama. Usar sua energia só para mostrar os pontos falhos de um sistema é como colocar a água pra ferver, não jogar o macarrão, e esperar o jantar ficar pronto… hmmm… =^

E o pior de tudo: isso não é deixar de fazer uns poucos mais ricos; isso é fazer todos os outros mais pobres.

E você? O que acha disso tudo? Está incomodado com essa realidade e está agindo?

Alexandre Pellaes
Palestrante
Pesquisador e transformador do mundo do Trabalho
Especialista em modelos e práticas flexíveis de Gestão Compartilhada – Sociocracia, Holocracia, Management 3.0, Beta Codex e outras.
Sócio da 99jobs.com
Fundador da Exboss Desenvolvimento de Pessoas e Organizações.

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